Itaipu considera novas turbinas por demanda do Paraguai e mineração
A hidrelétrica binacional de Itaipu está considerando a construção de duas novas turbinas para lidar com a queda no repasse de energia do Paraguai para o Brasil. Esse movimento vem sendo impulsionado, em parte, pelo aumento da presença de data centers de inteligência artificial e atividades de mineração de Bitcoin no território paraguaio.
Itaipu é uma gigante na produção de energia: cerca de 9% da eletricidade consumida no Brasil vem de lá. Com 20 unidades geradoras já em operação, a usina tem espaço para instalar mais duas. O diretor-geral da estatal, Enio Verri, afirmou que essa expansão é “inevitável”, mas destacou a importância de realizar estudos técnicos, sociais e ambientais antes de seguir em frente. Um entendimento mútuo entre os governos do Brasil e do Paraguai também será fundamental para que a ampliação ocorra.
Verri mencionou que, em breve, o Paraguai pode consumir toda a energia que lhe pertence, o que deixaria de lado a venda de excedentes para o Brasil. O diretor técnico paraguaio de Itaipu, Hugo Zárate, trouxe à tona dados mostrando que o consumo de energia em seu país vai crescer. Segundo ele, a projeção da Administradora Nacional de Eletricidade (Ande) indica que até 2035, o Paraguai deve usar 50% do que gera.
### Novas turbinas
Sobre a possibilidade de novas turbinas, Verri comentou que a equipe está analisando a viabilidade da instalação. Depois dos vertedouros da barragem no Rio Paraná, há espaço físico disponível para essa ampliação. Vale lembrar que adicionar mais turbinas não garante um aumento proporcional na capacidade de geração. Isso pode depender de fatores como a eficiência das novas turbinas ou até mesmo inovações tecnológicas.
Atualmente, as 20 turbinas de Itaipu têm um total de 14 mil megawatts (MW) de potência, com cada unidade gerando 700 MW. Verri também trouxe à tona questões sobre o impacto dessa expansão nas comunidades locais. Ele destacou que, ao contrário de épocas passadas, atualmente é preciso considerar as pessoas afetadas por essas instalações.
### Longo prazo
Apesar de classificar a situação atual como “inevitável” devido à crescente demanda, Verri mencionou que o projeto ainda enfrenta desafios de viabilidade econômica. Ele comentou que “hoje não viabiliza”. O cronograma para um possível investimento ainda não está definido.
Quando o projeto sair do papel, a ideia é que o financiamento venha de empréstimos de longo prazo, através de instituições como o Banco Mundial ou BNDES. O pagamento poderia ser ajustado na tarifa de energia, facilitando a quitação do financiamento.
### Binacional
Itaipu é um projeto que começou há 50 anos, com Brasil e Paraguai compartilhando igualmente os direitos sobre a energia gerada. O acordo estipula que a energia não consumida por um dos países seria vendida ao outro a preço de custo. Desde 1985, quando a usina começou a operar de fato, esse acordo vêm se mantendo.
Curiosamente, a participação brasileira desse consumo caiu ao longo do tempo. Se há 40 anos o Brasil utilizava 95% da energia, em 2024 esse número deve ser de 69%, enquanto o Paraguai terá uma fatia de 31%.
### Mudanças em 2027
Outro ponto a ser observado é que, a partir de 2027, um acordo entre os dois países vai permitir que cada um decida como utilizar a energia excedente. Isso pode incluir vender para o mercado livre de energia no Brasil ou até mesmo para terceiros. Verri comentou que essa mudança permitirá maior autonomia.
Ele também abordou como o Brasil está investindo em energias renováveis, mas reconheceu que o aumento do consumo pelo Paraguai pode ter impacto na oferta total. No entanto, acredita que, com as inovações tecnológicas em andamento, o país não deve enfrentar grandes problemas no gerenciamento energético.
Esse cenário se embasa ainda mais com a crescente demanda por energia que a inteligência artificial traz consigo. Recentemente, por exemplo, o Itaú lançou um banco digital que utiliza essa tecnologia para ajudar na gestão financeira de pequenas e médias empresas. Esses avanços refletem como a modernização também altera a forma como consumimos energia.