Mastercard expande presença em cripto com parcerias estratégicas
A Mastercard está dando um passo importante rumo ao futuro dos pagamentos digitais, especialmente no mundo das criptomoedas. Recentemente, a empresa anunciou parcerias com algumas big techs, como Binance, MetaMask e Circle, e lançou a Multi-Token Network (MTN). Essa iniciativa visa conectar o sistema financeiro tradicional com o universo dos ativos digitais, funcionando quase como uma ponte.
Conversando com Leonardo Linares, vice-presidente sênior de soluções da Mastercard, ele compartilhou que a ideia principal é criar uma estrutura segura e eficiente tanto para consumidores quanto para comerciantes. Linares ressaltou que a empresa está focada na aceitação de stablecoins e no desenvolvimento de soluções baseadas em tokenização. Isso tudo faz parte de um movimento maior para facilitar transações e aumentar a confiança no uso de criptomoedas.
No Brasil, a Mastercard está participando do projeto piloto do Drex, a moeda digital proposta pelo Banco Central. A empresa faz parte de um consórcio que inclui outras empresas como MB Pay e Genial Investimentos, e está atuando em áreas como negociações no atacado e no varejo, além de títulos do Tesouro Nacional e agrotokens. Os testes estão praticamente concluídos, mas o Banco Central deve estender os prazos para aprimorar ainda mais os resultados.
Parcerias estratégicas e expansão das stablecoins
Um dos pontos altos dessa nova fase é a integração de stablecoins em mais de 150 milhões de estabelecimentos ao redor do mundo, graças à parceria com a MoonPay. A Mastercard acredita que esses ativos têm o potencial para ampliar a inclusão financeira e tornar transações internacionais mais acessíveis. No entanto, ainda existem desafios a serem superados, como garantir a conformidade com as regulamentações, segurança e interoperabilidade. A Mastercard se posiciona como uma ponte entre a inovação do Web3 e a infraestrutura financeira já existente, sempre priorizando a proteção do consumidor.
Abordagem de “360 graus” para pagamentos digitais
A Mastercard implementou uma estratégia chamada “360 graus” para facilitar o uso de stablecoins, tornando o processo quase tão fácil quanto pagar em dinheiro. Essa abordagem envolve várias frentes:
Carteiras e cartões cripto: Através de parcerias com empresas como Binance e MetaMask, os usuários podem gastar stablecoins usando cartões Mastercard em diversos estabelecimentos.
Liquidação para comerciantes: Com a ajuda de empresas como Circle e Paxos, comerciantes podem receber pagamentos em stablecoins, independentemente do método de pagamento escolhido pelo cliente.
Identidade verificada e remessas on-chain: O programa Crypto Credential permite que as transferências sejam feitas de forma segura, utilizando identificadores validados.
Rede Multi-Token (MTN): Uma plataforma que conecta instituições financeiras tradicionais a blockchains, possibilitando que pagamentos sejam feitos em tempo real.
Novos produtos: Um exemplo é o OKX Card, que visa ampliar o uso de stablecoins no dia a dia.
Tokenização e futuro do e-commerce
Outro foco da estratégia é a adoção da tokenização em todas as transações de e-commerce até 2030. Com isso, os dados do cartão seriam substituídos por códigos aleatórios, que não serviriam em caso de interceptação. Essa mudança promete aumentar a segurança nas transações, além de tornar o processo de compra até 50% mais rápido, principalmente com autenticação biométrica. Para os comerciantes, a expectativa é de aumento nas taxas de aprovação e menor número de chargebacks, o que pode impulsionar as vendas.
A ideia é que, no futuro, stablecoins, criptomoedas, CBDCs e sistemas como o PIX convivam de forma harmônica. As stablecoins, especificamente, devem ganhar relevância em pagamentos internacionais e B2B enquanto os métodos tradicionais continuam essenciais nas transações domésticas.
DREX
CTBR: Como estão os testes do DREX e qual o potencial identificado no uso de uma CBDC de atacado?
LL: A Mastercard faz parte dos consórcios selecionados pelo Banco Central para o piloto do Drex, focando no desenvolvimento de soluções para essa nova moeda digital. Estamos quase finalizando os testes, mas parece que o Banco Central quer estender essa fase para aperfeiçoar as soluções. A continuidade dos consórcios pode trazer resultados ainda melhores.
Parcerias
CTBR: Quais os desafios e oportunidades que a empresa vê na integração das stablecoins ao sistema financeiro tradicional?
LL: A integração de stablecoins apresenta oportunidades incríveis, como maior eficiência nas transações globais e redução de custos. No entanto, também é necessário lidar com desafios, como conformidade regulatória e segurança. A Mastercard se vê como um elo entre o Web3 e a infraestrutura financeira tradicional, sempre focando na proteção do consumidor e na interoperabilidade.
Estamos otimistas sobre um futuro onde stablecoins, CBDCs e métodos de pagamento tradicionais coexistam, cada um atendendo necessidades específicas. No Brasil, com sua infraestrutura já muito boa, as stablecoins devem ter um papel importante em transações globais.
Stablecoins
CTBR: A Mastercard está desenvolvendo uma abordagem de “360 graus” para pagamentos com stablecoins. Como isso está sendo realizado?
LL: Nossa abordagem de “360 graus” se concentra em facilitar o uso de stablecoins em vários níveis, desde a emissão de carteiras e cartões até a aceitação e liquidação. O objetivo é tornar tudo tão simples quanto usar dinheiro normal, criando um ecossistema que beneficie tanto consumidores quanto comerciantes.
Estamos implementando isso em cinco áreas principais:
Emissão de carteiras e cartões: Parcerias com empresas permitem que usuários gastem suas stablecoins de forma simples, com aceitação global.
Liquidação para comerciantes: Estamos facilitando para que comerciantes recebam pagamentos diretos em stablecoins.
Identidade verificada: O Crypto Credential garante que as transações sejam seguras através de identificadores validados.
Rede Multi-Token: Ela conecta instituições tradicionais a blockchains, viabilizando pagamentos em tempo real.
Novos produtos: O OKX Card é um exemplo de como podemos integrar stablecoins no cotidiano das pessoas.
Tokenização das transações
CTBR: A Mastercard planeja adotar a tokenização em todas as transações de e-commerce até 2030. Quais benefícios essa abordagem traz?
LL: A tokenização visa fortalecer a segurança e melhorar a experiência de compra online. Com ela, dados de cartões são substituídos por códigos únicos, eliminando o risco de exposição durante as transações.
Para os consumidores, isso resulta em mais segurança, uma experiência de compra rápida e a eliminação do risco de fraudes. Para os comerciantes, espera-se um aumento nas taxas de aprovação de transações e uma redução nas ocorrências de chargebacks.
A tokenização, aliada à autenticação biométrica, cria um ambiente mais seguro e confortável para os usuários, sem expor dados sensíveis. Essa estratégia promete um e-commerce mais eficiente e protegido, além de melhorar a experiência para todos os envolvidos.