A Metaplanet, um grupo japonês que começou no ramo de hotelaria e imóveis, está fazendo um movimento ousado. Recentemente, a empresa anunciou que pretende emitir 385 milhões de novas ações. O objetivo? Ampliar sua presença no mercado de Bitcoin e ampliar os negócios relacionados a criptomoedas.
Essas novas ações serão oferecidas em um leilão internacional fora do Japão, com cada uma vendida a cerca de 553 ienes, o que equivale a US$ 3,75. Esse total pode levantar aproximadamente 212,9 bilhões de ienes, cerca de US$ 1,44 bilhão. Vale destacar que o preço emitido é 9,9% menor em relação ao fechamento da Metaplanet no dia do anúncio, que estava marcado em 614 ienes.
O pagamento está programado para 16 de setembro, e no dia seguinte, 17 de setembro, as novas ações serão creditadas aos investidores. É importante lembrar que essa ação envolve a venda de ações, e não a emissão de títulos, o que significa que não há pagamento de cupons. Essa manobra pode levar a uma diluição maior para os acionistas atuais, que devem estar atentos a essas mudanças.
Os fundos arrecadados serão direcionados para a compra de mais Bitcoin (BTC) até outubro. A Metaplanet busca se proteger da desvalorização do iene japonês e, ao mesmo tempo, investir em negócios que gerem receita através do Bitcoin, especialmente nas operações de negociação de opções dessa criptomoeda.
Com essa estratégia, a Metaplanet já se posicionou como uma das principais detentoras de BTC no mundo, com um total de 20.137 BTC em seus ativos. A empresa, que ainda é oficialmente classificada como um operador hoteleiro, vem fazendo essa transição para ativos digitais há mais de um ano. A ideia por trás dessa mudança é fugir da inflação e lidar com os juros negativos, além de responder aos efeitos da dívida nacional do Japão.
Apesar do crescimento impressionante das ações da Metaplanet, que subiram mais de 150% no último ano, o desempenho recente não foi tão otimista. Nos últimos meses, as ações caíram quase 39%, enquanto o índice Nikkei teve uma leve alta de 1,7% no mesmo período.
Desafios para as empresas de tesouraria de Bitcoin
Após um início promissor, a estratégia da Metaplanet com Bitcoin começou a enfrentar alguns desafios. De acordo com especialistas, a tão falada força do “flywheel” — que estimula o crescimento através da demanda e oferta de Bitcoin — parece estar perdendo força. Isso fez com que a empresa buscasse novas formas de financiamento, especialmente fora do Japão, como vemos nessa nova emissão de ações.
Os analistas também levantam um ponto importante: a redução dos prêmios, que pode aumentar a volatilidade nas empresas que atuam com tesouraria de Bitcoin. Essa diferença entre o preço das ações e seu valor patrimonial líquido tem diminuído, o que pode impactar a confiança dos investidores.
Apesar disso, o modelo ainda tem atraído a atenção. Muitas empresas estão começando a adotar estruturas de tesouraria com ativos digitais. Hoje, companhias públicas em todo o mundo possuem mais de 1 milhão de BTC, e algumas estão até expandindo para outras criptomoedas como Ether (ETH) e Solana (SOL).
A movimentação no mercado indica que o mundo das criptomoedas está em constante evolução, e as empresas que investem em tecnologias de ativos digitais certamente estão se preparando para o futuro.
