Michael Saylor, cofundador e presidente executivo da Strategy, saiu ao encontro dos rumores que diziam que a empresa estaria vendendo seu Bitcoin. Em uma postagem no X, ele garantiu que isso não é verdade. Em uma entrevista à CNBC na última sexta-feira, Saylor afirmou que a fome da Strategy por Bitcoin é “insaciável”, independentemente da volatilidade do mercado.
A empresa, que já acumulou um estoque considerável de Bitcoin avaliado em aproximadamente US$ 62,3 bilhões, não se deixa abater pela queda recente do ativo, que passou da marca dos US$ 100 mil. Para Saylor, mesmo com esses desafios, a intenção é continuar comprando mais. Ele disse que as próximas aquisições serão divulgadas na manhã de segunda-feira, deixando uma expectativa de que “as pessoas ficarão agradavelmente surpresas” com os detalhes.
Enquanto isso, algumas movimentações on-chain geradas pela plataforma de inteligência cripto Arkham Analytics levantaram especulações sobre uma possível venda de Bitcoin pela Strategy. Contudo, Saylor reafirmou que a empresa nunca venderia voluntariamente suas participações em Bitcoin, embora analistas como Lance Vitanza da TD Cowen tenham reconhecido que a venda só ocorreria em circunstâncias bastante raras.
Strategy pode ser forçada a vender Bitcoin?
Teoricamente, a Strategy poderia precisar vender uma parte de seu Bitcoin para quitar dívidas quando vencessem, mas a situação não é tão crítica. A análise indica que não há títulos conversíveis vencendo antes de 2028. Além disso, Saylor mencionou na CNBC uma venda única ocorrida no passado para que os “detentores OG” pudessem realizar lucros depois de longos períodos de investimento.
Recentemente, a Strategy anunciou que sua nova série de ações preferenciais na Europa deve gerar cerca de US$ 715 milhões. Apesar disso, o valor das ações da empresa caiu 32% no último mês, refletindo uma parte da desvalorização do Bitcoin. Nesse cenário, as ações da Strategy estão sendo negociadas a cerca de US$ 204, enquanto o Bitcoin está cotado a US$ 96.365, depois de uma leve queda.
Saylor se disse “bastante confortável” com o preço atual do Bitcoin, encarando a recente desvalorização como uma oportunidade para uma futura recuperação. Contudo, ele mencionou que prever com precisão o preço ao final do ano ainda é complicado.
“Sempre comprando BTC”
Durante a entrevista, Saylor destacou que a Strategy está em constante processo de compra de Bitcoin, embora às vezes falte um anúncio formal. Essas lacunas geralmente coincidem com o fim de cada trimestre fiscal. Para financiar essas aquisições, a empresa utiliza uma combinação de instrumentos financeiros, como títulos conversíveis e ações preferenciais.
Críticos apontam incertezas sobre a sustentabilidade do modelo de negócios da Strategy. No entanto, Saylor demonstrou confiança, afirmando que mesmo se o Bitcoin desvalorizasse em até 80%, a empresa ainda teria ativos que superam suas dívidas.
O balanço da empresa está equilibrado, tendo levantado até agora cerca de US$ 8,2 bilhões através de títulos conversíveis. A gestão da estratégia de pagamentos de dividendos é conduzida pelo conselho, e não há previsão de inadimplência em relação aos produtos atuais, avaliados em US$ 7,6 bilhões.
A Strategy possui um encargo anual de dividendos em torno de US$ 735 milhões e, segundo especialistas, não é esperada uma complicação nessa área. O panorama atual, no entanto, traz desafios, já que o método tradicional de expansão, via emissão de ações ordinárias, ficou mais complicado devido à desvalorização dos ativos.
Saylor observa que, neste momento, a Strategy está avaliada em US$ 59 bilhões, enquanto possui um valor expressivo em Bitcoin, resultando em um múltiplo sobre o valor patrimonial líquido (mNAV) de cerca de 0,95x, em comparação a um 1,2x considerando suas dívidas.
