As novas regras de listagem propostas pela Nasdaq podem trazer impactos significativos para o mercado de empresas que lidam com ativos digitais. Essas mudanças visam beneficiar as companhias já consolidadas, mas podem complicar a vida de novos entrantes que querem incluir criptomoedas nos seus balanços.
Anunciadas recentemente, as novas normas incluem um aumento no float público mínimo para impressionantes US$ 15 milhões. Isso significa que novos entrantes na bolsa precisarão se preocupar mais com capitalização. Além disso, a Nasdaq planeja acelerar o processo de deslistagem para empresas que não se adequarem às novas diretrizes, especialmente aquelas com um valor de mercado abaixo de US$ 5 milhões.
De acordo com Brandon Ferrick, advogado da Douro Labs, uma empresa focada no setor Web3, essa movimentação deve, na verdade, favorecer as empresas que já estão bem administradas. “Os melhores nomes podem negociar com um prêmio, enquanto as empresas com desempenho fraco vão acabar sendo eliminadas”, explica Ferrick. Isso cria uma espécie de vantagem para as empresas de tesouraria de ativos digitais mais robustas.
Para contextualizar, uma DAT é uma empresa de tesouraria de ativos digitais, enquanto o termo múltiplo do valor patrimonial líquido (mNAV) se refere ao valor de mercado em relação aos ativos digitais que essa empresa possui.
Focando nas mudanças, os padrões de listagem da Nasdaq incluem três atualizações principais:
- Aumento do float público mínimo para US$ 15 milhões nos novos registros.
- Aceleração da deslistagem de empresas que não estão em conformidade ou que têm um valor de mercado muito baixo.
- Um requisito de receita mínima de US$ 25 milhões para empresas que estão principalmente na China.
Essa elevação no float mínimo pode ter consequências inesperadas, tornando as empresas de fachada — entidades com pouca atividade real — mais caras e elevando as barreiras de entrada para novos emissores. Ferrick observa que isso pode complicar a situação para quem deseja entrar nesse mercado.
As empresas de fachada frequentemente são criadas para levantar fundos e, depois, se fundirem com outras companhias. Um exemplo bem conhecido é a SPAC (Special Purpose Acquisition Company), que tem sido amplamente utilizada em negócios envolvendo ativos digitais.
A Nasdaq, uma das principais bolsas de valores do mundo e um grande player nas negociações de ações de tecnologia, já apresentou essas regras à SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) para revisão. Se aprovadas, as mudanças podem ser implementadas rapidamente.
Atualmente, a Nasdaq lista mais de 3.300 empresas nos EUA e movimenta bilhões em ações todo mês. As regras geralmente exigem que novas emissões de valores mobiliários sejam aprovadas pelos acionistas, especialmente em casos de grandes aquisições ou mudanças de controle. Portanto, essas novas regras podem realmente mudar a dinâmica para empresas que desejam se destacar nesse cenário competitivo.
