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Países devem evitar comprar BTC como reserva estratégica

Durante a PlanB Conference em Lugano, o CEO da Jan3, Samson Mow, trouxe uma perspectiva interessante sobre como os países devem abordar a compra de Bitcoin (BTC) como reserva estratégica. Ele defende que, em vez de gastar dinheiro público para adquirir a criptomoeda, as nações deveriam se concentrar em minerar seu próprio BTC. Essa ideia pode soar nova para muitos, mas Mow argumenta que essa é a forma mais eficaz, segura e neutra do ponto de vista político para acumular reservas em criptomoedas.

A preocupação de Mow com o uso de recursos públicos é clara. Ele acredita que, se um governo decidir comprar BTC, poderá ser visto como uma ação especulativa. Além disso, a decisão poderia gerar debates intermináveis sobre o uso de dinheiro do Estado para investir em ativos que podem ser bastante voláteis. A solução proposta por ele é simples: minerar, utilizando a energia excedente que muitos países já desperdiçam ou vendem a preços muito baixos.

BTC como reserva estratégica

Mow também destacou que diversas nações, como o Paraguai, têm grandes quantidades de energia ociosa. O Paraguai, por exemplo, poderia gerar entre 1.200 e 1.400 Bitcoins anualmente com sua energia excedente, que atualmente é vendida com prejuízo. Se a energia é considerada dinheiro, então a mineração de Bitcoin se transforma em uma maneira de converter energia em riqueza.

Isso é particularmente relevante para países em desenvolvimento que têm um grande potencial de energia renovável, como hidrelétricas e fontes geotérmicas. O caso do Butão ilustra bem essa estratégia: o pequeno reino asiático tem usado sua energia sobrante para minerar Bitcoin e já acumulou mais de US$ 1 bilhão em reservas. Parte desse dinheiro foi revertido para construir um novo aeroporto, mostrando que a mineração de criptomoedas pode trazer benefícios tangíveis para a infraestrutura e o desenvolvimento local.

Mineração de Bitcoin

De acordo com Mow, a mineração de Bitcoin é um modelo neutro e sustentável politicamente. Isso porque evita conflitos de interesse e pressões do sistema político sobre o uso de recursos públicos. Ele argumenta que, ao invés de comprar Bitcoin diretamente, os governos podem usar energia que já têm disponível para criar Bitcoins. Enquanto uma compra direta poderia gerar resistência pública, a mineração é vista como uma forma de política energética que não é especulativa.

Neste contexto, muitos países estão em busca de novas maneiras de monetizar seus recursos naturais. Mow acredita que, ao converter energia em ativos digitais, os governos conseguem montar suas próprias reservas, reduzir a dependência de moedas estrangeiras e se proteger contra a inflação.

Estados Unidos já acumulam Bitcoin de forma indireta

Um ponto interessante que Mow trouxe à tona é que os Estados Unidos já possuem uma massa considerável de Bitcoin, estimada em cerca de US$ 14 bilhões, mas isso se deu sem compras diretas. Esse BTC provém de apreensões legais, e Mow ressaltou que isso demonstra um movimento institucional silencioso. No entanto, ele também fez um alerta sobre os riscos que essa estratégia envolve, uma vez que os governos podem tomar decisões arbitrárias, como confiscar Bitcoins sob justificativas legais.

Energia como reserva de soberania nacional

Mow finaliza seu raciocínio afirmando que a mineração de Bitcoin deve ser vista como uma estratégia de soberania energética e financeira, e não como mera especulação. Ao transformar energia em Bitcoin, um país constrói uma reserva independente de influências externas, afirmando que esse é, de fato, o “dinheiro da energia”.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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