Pastor é investigado por lavagem de dinheiro em pirâmide de criptomoedas
O pastor Davi Nicoletti, que lidera a Igreja Recomeçar, está no olho do furacão após ser apontado pela Polícia Civil de São Paulo como o suposto chefe de um esquema de lavagem de dinheiro vinculado a uma pirâmide financeira envolvendo criptomoedas. Nas redes sociais, ele soma mais de 70 mil seguidores e é famoso por promover o que chama de “milagres financeiros”.
Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revelou que entre dezembro de 2018 e dezembro de 2019, a conta da igreja recebeu mais de R$ 4 milhões de um grupo suspeito. Isso levantou várias suspeitas sobre o real destino desse dinheiro.
No total, 17 pessoas estão sendo indiciadas no inquérito, incluindo Nicoletti, sua esposa Elaine Crisley dos Anjos Silva e a própria igreja. O relatório afirma que esses valores foram enviados para a conta da Igreja Ministério Recomeçar com a intenção de dar uma “maquiada” na origem do dinheiro obtido de forma irregular. Além disso, as transferências não teriam justificativas econômicas claras.
A situação complica ainda mais porque, segundo a CNN, a Justiça paulista decidiu transferir o caso para Palhoça, em Santa Catarina, onde a igreja possui uma filial. Contudo, o Ministério Público de lá discordou dessa transferência, criando um impasse. Agora, a Vara Regional de Garantias da Comarca de São José, SC, suspendeu o processo, aguardando uma decisão do Superior Tribunal de Justiça.
Defesa de Nicoletti
A defesa de Davi Nicoletti se manifestou, afirmando que o inquérito na Justiça de São Paulo, que investigava possíveis crimes anteriores à lavagem de dinheiro, foi arquivado. O Ministério Público teria reconhecido a falta de indícios suficientes para uma ação penal.
Contudo, é importante destacar que esse inquérito é relacionado à MDX Capital, empresa acusada de operar o esquema de pirâmide financeira. O processo sobre a lavagem de dinheiro pela igreja ainda está em andamento e não foi concluído.
Sobre a ligação entre Nicoletti e a MDX, a defesa negou qualquer parceria, esclarecendo que um dos administradores da empresa frequentava a Igreja Recomeçar apenas como um fiel que busca suporte espiritual.
A defesa afirma: “Essa relação nunca se confundiu com vínculos comerciais ou societários. O Pastor Davi Nicoletti não é, nem nunca foi, sócio, gestor ou beneficiário da MDX”.
Além disso, Nicoletti rebateu as informações do Coaf sobre a movimentação de R$ 4 milhões, dizendo que isso não é verdade. Ele argumenta que, em 2019, a igreja tinha seis unidades ativas e que as ofertas recebidas no ano não passaram de R$ 1,5 milhão. “Quanto aos valores que possivelmente foram transferidos por pessoas ligadas à MDX, tratam-se de pequenas ofertas voluntárias, comuns entre membros e frequentadores”, completou.