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PF detém suspeito e apreende R$ 700 mil de ataque hacker ao BC

Um homem foi preso pela Polícia Federal em Boa Vista, Roraima, com nada menos que R$ 700 mil em dinheiro. A captura aconteceu na terça-feira (22), logo após ele sacar o montante de uma agência bancária. Esse valor está ligado a um enorme ataque hacker à C&M Software, uma empresa de tecnologia que prestava serviços a instituições financeiras. Esse incidente foi considerado o “maior golpe da internet” já aplicado no setor financeiro brasileiro.

O suspeito, cujo nome, idade e profissão não foram divulgados, foi preso em flagrante por lavagem de dinheiro, já que não apresentou explicações adequadas para justificar a origem do dinheiro. A operação que investigou esse caso se chama Magna Fraus, e a PF garante que as investigações ainda estão em andamento.

De acordo com informações, o homem preso é Jackson Renei Aquino de Souza, um assessor parlamentar e corretor de imóveis. A abordagem da polícia ocorreu após um alerta da Coordenação de Repressão a Fraudes Bancárias, que informou que ele havia agendado um saque de R$ 1 milhão para o dia seguinte. Jackson recebeu um total de R$ 2,4 milhões em sua conta poupança, oriundos de duas empresas envolvidas no ataque hacker, sendo uma delas responsável pelo repasse de R$ 1,85 milhão e a outra, R$ 600 mil.

O que diz o acusado

Ao ser ouvido pela PF, Jackson afirmou que não conhecia as empresas que depositaram o dinheiro. Ele alegou que o montante pertencia a um garimpeiro venezuelano com quem ele estava negociando a compra de uma fazenda em Roraima e que essa transação foi intermediada por outra pessoa. No entanto, o delegado responsável pelo caso concluiu que o comportamento de Jackson se enquadra no que se chama “cegueira deliberada”, que é ignorar intencionalmente irregularidades.

Em uma ação anterior, no dia 16 de julho, a Operação Magna Fraus resultou na apreensão de R$ 5,5 milhões em criptomoedas. Durante essa operação, foram emitidos mandados de prisão temporária e mandados de busca em Goiás e Pará. Na ação, a PF encontrou chaves privadas de carteiras de criptomoedas e transferiu os valores apreendidos para uma carteira do Ministério Público.

O ataque hacker

No dia 2 de julho, o Banco Central informou que a C&M Software sofreu um ataque hacker que resultou no desvio de milhões de reais que pertenciam a várias instituições financeiras. Recursos de pelo menos seis bancos foram desviados, levando a um prejuízo estimado em R$ 800 milhões. A boa notícia é que os bens dos clientes finais não foram comprometidos, mas os criminosos logo iniciaram tentativas de lavar o dinheiro desviado através de criptomoedas. Esse golpe foi viabilizado com o pagamento de propina a um funcionário da empresa atacada, que vendeu seus acessos ao sistema.

A BMP, um dos bancos que utilizavam os serviços da C&M, confirmou que hackers tentaram converter parte dos valores desviados em USDT. No entanto, eles conseguiram recuperar esses valores após a plataforma usada detectar a fraude e bloquear as operações.

Os hackers também tentaram converter partes do montante roubado em Bitcoin e Tether. Rocelo Lopes, CEO da SmartPay, mencionou que sua equipe, assim como outras mesas de OTC, notaram movimentações suspeitas de criptomoedas nas horas seguintes ao ataque. A SmartPay, então, reteve grandes quantias e começou o processo de devolução dos valores às instituições impactadas.

Embora o inquérito ainda não tenha sido formalizado, a PF já foi acionada. O Banco Central, por sua vez, suspendeu o acesso das instituições às infraestruturas da C&M, que, apesar de confirmar o ataque, não revelou muitos detalhes sobre a extensão dos danos. A BMP ressaltou que irá arcar com os danos, garantindo que seus clientes não sejam afetados.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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