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Pix é uma cbdc mista que não cumpre promessas das criptomoedas

Em um artigo recente, o economista Paul Krugman, vencedor do Nobel de Economia em 2008, destacou as qualidades do Pix em um contexto global. Ele se perguntou se o Brasil realmente “inventou o futuro do dinheiro” e o que isso significa para os Estados Unidos. Para Krugman, o sistema de transferências instantâneas do Banco Central do Brasil está cumprindo com a inclusão financeira que muitas promessas sobre criptomoedas não conseguiram entregar.

Ele fez uma comparação interessante entre o Pix e o Zelle, um sistema de pagamentos usado nos EUA, mas ressaltou que o Pix é muito mais acessível. Na verdade, cerca de 93% dos brasileiros utilizam o Pix, enquanto o Zelle não atinge nem uma fração desse número. Krugman afirmou que a plataforma brasileira está, de fato, revolucionando o jeito como lidamos com dinheiro, sendo rapidamente adotada em substituição ao dinheiro físico e aos cartões.

Uma das principais vantagens do Pix, segundo ele, é a velocidade nas transações: o sistema leva, em média, apenas três segundos para liquidar uma operação. Para efeito de comparação, um pagamento via cartão de débito pode levar até dois dias, e por cartão de crédito, até 28 dias. Além disso, o custo das transações pelo Pix é muito mais baixo. O Banco Central exige que as transferências para pessoas físicas sejam gratuitas e que o custo para empresas não ultrapasse 0,33%. Isso contrasta fortemente com as tarifas de até 2,34% cobradas por cartões.

Krugman também criticou a narrativa comum de que as criptomoedas seriam a solução para a inclusão financeira. Em sua análise, os números falam por si: enquanto 93% dos brasileiros usam o Pix, apenas 2% dos americanos recorreram a criptomoedas para compras em 2024. Ele também chamou atenção para a segurança do sistema, afirmando que o Pix não cria incentivos para crimes, como sequestros associados a criptomoedas — um problema que ganhou destaque recentemente quando um trader de criptomoedas foi vítima de uma situação horrível em Nova York.

Ceticismo com os republicanos

Krugman expressou dúvidas sobre a possibilidade de os Estados Unidos adotarem um sistema semelhante ao Pix. Ele acredita que o setor financeiro americano é muito poderoso e que nunca permitiria que um sistema público concorresse com seus produtos. Em relação a críticas do governo Trump ao Pix, ele destacou que a crítica se baseia na alegação de que o sistema brasileiro representa uma concorrência desleal para as empresas de pagamento.

O economista ainda argumentou que a direita nos EUA tende a enxergar o governo como um problema, e não como uma solução. Para ele, os republicanos dificilmente aceitariam que um sistema de pagamentos publicamente administrado pudesse ser mais eficaz do que as opções do setor privado.

Outro ponto levantado foi a recente aprovação do GENIUS Act, que regulamenta as stablecoins nos EUA. Krugman acredita que essa legislação pode abrir portas para fraudes e crises financeiras, além de criticar um projeto que impede a criação de uma CBDC (moeda digital de banco central) pelo Federal Reserve, por questões de privacidade. Para ele, essa preocupação com vigilância é questionável.

Por fim, Krugman avaliou que a resistência republicana à criação de uma CBDC nos Estados Unidos favorece grandes bancos, que já têm um sistema parecido, mas em um ambiente fechado, sem interesse em expandir o acesso ao público. O debate continua, e esta semana, algumas das big techs foram favoráveis à ideia de um “Pix para todos”, mostrando que o tema está definitivamente em alta.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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