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Presidente da ABcripto busca expulsão de conselheiros dissidentes

Um conflito sobre a liderança da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABcripto) esquentou nos bastidores e agora está tomando rumo judicial. O atual presidente, Bernardo Srur, entrou com um processo contra quatro membros do Conselho Administrativo da associação. Entre eles estão nomes conhecidos do setor, como André Portilho, representante da Mynt (exchange do BTG Pactual), e Maria Isabel Sica, da Ripple.

A questão central é que esses conselheiros tentaram convocar uma assembleia para discutir a eleição de um novo presidente. O problema? O mandato de Srur termina em 16 de dezembro de 2025, e se não houver nova eleição, ele se reelegerá automaticamente por mais um ano. No processo, ele não apenas busca invalidar a convocação da assembleia, mas também que o juiz obrigue as empresas associadas a trocar os conselheiros que estão sendo processados.

A reunião que deu origem ao imbróglio ocorreu em 23 de outubro deste ano, onde o conselheiro Portilho teria interrompido Srur. Logo em seguida, solicitou a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária com o objetivo de deliberar sobre a destituição da Diretoria Executiva.

Srur ainda alega que essa reunião foi marcada por “graves violações estatutárias e legais”, citando a falta de quórum e procurações inválidas. Quatro dias depois, os conselheiros processados apresentaram uma defesa robusta, com um documento de quase 200 páginas, contestando as acusações e afirmando que tudo não passa de um mal-entendido.

O embate sobre a liderança da ABcripto

Os conselheiros envolvem a situação em um contexto de tentativas de transição pacífica desde julho deste ano, que, segundo eles, foram rejeitadas por Srur. Em um comunicado enviado no final de outubro, o presidente da ABcripto afirmou ser alvo de uma “campanha difamatória” por parte dos conselheiros. Ele acusou o grupo de desrespeitar normas e comprometer a integridade da associação. Porém, os conselheiros defendem que essas alegações são distorcidas e que, na verdade, estão apenas cumprindo suas obrigações como membros do conselho.

Eles também ressaltam que a decisão de convocar a assembleia é necessária, pois somente ela pode definir sobre qualquer mudança na diretoria. Além disso, a defesa crítica o uso estratégico do processo por parte de Srur como uma forma de intimidar outros conselheiros.

Como a crise da ABcripto começou

As sondagens sobre problemas na ABcripto surgiram em julho, quando a vice-presidente e a equipe jurídica deixaram a entidade. Essa situação levantou a suspeita de práticas de governança questionáveis. Desde então, os conselheiros afirmam que não conseguem acesso a informações financeiras e documentações necessárias. Essa falta de transparência, de acordo com a defesa, se agrava com o fato de a ABcripto estar irregular com a Receita Federal desde maio de 2025, e os associados sequer sabem os motivos.

A defesa sustenta que Srur tem se mostrado relutante em fornecer essas informações, possivelmente por saber que se não houver uma assembleia até a data limite, seu mandato será automaticamente renovado por mais um ano.

As práticas suspeitas da ABcripto, segundo os conselheiros

Na contestação, os conselheiros elencam diversas falhas na gestão de Srur, como a falta de clareza sobre um acordo realizado com o Ministério Público e problemas com a Receita Federal. Também citam situações estranhas, como o fechamento de contas bancárias sem justificativa clara.

Outro ponto problemático levantado é um pagamento de R$ 250 mil, sem a aprovação do conselho, para um projeto da CVM. As preocupações vão além, incluindo a falta de convite aos associados para participarem de testes de um sistema que estava sendo desenvolvido.

O que cada parte pede agora

Bernardo Srur quer a anulação da reunião do conselho e a convocação da Assembleia Geral Extraordinária. Ele pede também a exclusão dos quatro conselheiros do cargo. Por outro lado, a defesa desses conselheiros pede que a presidência da ABcripto faça uma prestação de contas e convoque uma assembleia para discutir a gestão.

A situação é tensa e complexa, com cada lado apresentando suas reclamações e defesas. A expectativa agora gira em torno do desenrolar desse caso no ambiente judicial.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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