Projeto de lei GENIUS proíbe stablecoins, ETH se beneficia
A recente regulamentação das stablecoins nos Estados Unidos pode mudar o jogo para o Ether (ETH) e para as aplicações financeiras descentralizadas que rodam na rede Ethereum. Isso é o que apontam alguns analistas do setor.
O projeto de lei, chamado GENIUS, foi sancionado na última sexta-feira e traz uma proibição importante: stablecoins que oferecem rendimento. Essa mudança tira a capacidade de instituições e traders de varejo de obter ganhos através desses ativos, que costumam lucrar com mecanismos de staking e empréstimos.
Segundo o analista Nic Puckrin, essa proibição pode ser uma boa notícia para as aplicações de finanças descentralizadas (DeFi) na Ethereum. Com a restrição das stablecoins que pagam juros, as soluções DeFi devem se tornar a principal forma de obter renda passiva. E não é só isso: essa renda passiva ainda pode ajudar a combater os efeitos da inflação.
O presidente do CoinFund, Christopher Perkins, observa que “o dólar está perdendo valor e não gera rendimento”. Para ele, as plataformas DeFi são onde os investidores podem gerar rendimento e, assim, proteger o seu capital. Ele até sugere que o atual cenário de stablecoins pode dar lugar a um “verão DeFi”.
Essas stablecoins que pagam juros atraem, sem dúvida, um público amplo, desde investidores individuais até grandes instituições financeiras. Para essas instituições, gerar fluxo de caixa é essencial, uma vez que têm obrigações com seus acionistas e investidores. Essa demanda pode levar um número maior de investidores institucionais a entrarem no mundo das criptomoedas, em busca de rendimento.
Desafios do setor tradicional
Em um evento chamado DC Blockchain Summit, a senadora Kirsten Gillibrand levantou uma questão crucial: as stablecoins que oferecem rendimento podem ameaçar o setor bancário tradicional.
Gillibrand argumenta que a presença de emissores privados de stablecoins, que pagam juros aos clientes, pode afetar o mercado de empréstimos e reduzir a demanda por serviços bancários convencionais. Ela até questiona “se não houver razões para deixar o dinheiro em um banco, quem vai financiar sua hipoteca?”.
O professor da Universidade de Nova York, Austin Campbell, trouxe uma perspectiva diferente. Em uma publicação recente, ele destacou que os bancos tradicionais estão, sim, sendo ameaçados pelas stablecoins que oferecem rendimentos. Ele afirma que a resistência de alguns legisladores a esses tokens é uma forma de proteção a um sistema que já não responde mais às necessidades do público.
Reeve Collins, cofundador da Tether, também se posicionou. Para ele, a crescente competição de stablecoins com rendimento pode, a longo prazo, substituir completamente as stablecoins tradicionais. “Se você acredita que tanto as stablecoins lastreadas em moeda fiduciária quanto as sintéticas são estáveis, optará sempre por aquelas que oferecem um rendimento melhor”, afirma Collins.
Com essas transformações no cenário das criptomoedas, é essencial ficar atento às novidades e como elas podem impactar as opções de investimento.