R$ 28 milhões em criptomoedas são congelados
A fraude envolvendo o Banco Central do Brasil, que resultou em um desvio de grandes quantias, ganhou destaque nas últimas semanas. Aproximadamente R$ 28 milhões, que tinham como origem os fundos roubados de contas de reserva, foram convertidos em criptomoedas. Esse processo ocorreu graças ao esforço do investigador conhecido como ZachXBT, que contou com a colaboração de grandes players do mercado, como a Tether – emissora da stablecoin USDT – e as exchanges Binance, Bitso e Bybit.
ZachXBT compartilhou no X, em 14 de julho, que conseguiu congelar cerca de US$ 5 milhões em várias plataformas. O ataque cibernético é considerado um dos maiores da história do sistema financeiro brasileiro e partiu da C&M Software, uma empresa que oferece suporte tecnológico para instituições financeiras que operam com o Pix e outros métodos de pagamento do Banco Central.
A investigação da Polícia Civil de São Paulo revelou que os hackers conseguiram acessar o sistema da C&M através das credenciais de um funcionário, que recebeu R$ 15 mil em troca de sua colaboração. Dessa forma, os criminosos passaram a explorar as contas de reserva de pelo menos seis bancos e fintechs que possuem vínculos com o BC. Há especulações de que até R$ 3 bilhões possam ter sido desviados, embora as cifras exatas não tenham sido confirmadas oficialmente.
R$ 225 milhões foram trocados por criptomoedas
Segundo ZachXBT, a partir do ataque, cerca de R$ 225 milhões foram convertidos em criptomoedas. O desafio de rastrear esses fundos se deu pelo fato de sua origem estar no sistema bancário tradicional, o que dificultou a visibilidade. Em um comentário nas redes sociais, o investigador enfatizou que a identificação dos endereços usados pelos criminosos levou um bom tempo.
Ele analisou o aumento de volume nas exchanges brasileiras e revisou as transações feitas a partir de carteiras quentes. Apesar de apenas 3,5% do total roubado e 17,8% do valor convertido em criptomoedas terem sido congelados, ZachXBT considerou esses números razoáveis, considerando a complexidade do caso. “Mais de US$ 140 milhões em moeda tradicional foram alegadamente roubados, mas acredito que cerca de US$ 40 milhões foram de fato convertidos em cripto. Então, o congelamento de mais de US$ 5 milhões não é um resultado ruim”, disse ele.
O trabalho em conjunto com as empresas do setor é essencial para combater crimes desse tipo. ZachXBT ressaltou que essa colaboração é crucial para descobrir e congelar fundos ilegais. As assessorias de imprensa da Binance, Bitso e Bybit não responderam quando perguntadas se confirmavam o congelamento desses valores ou a ajuda que deram a ZachXBT nas investigações.
Vale destacar que ZachXBT trabalhou sem receber qualquer compensação financeira, afirmando que fez isso apenas por prazer e curiosidade. Ele é um investigador respeitado no universo das criptomoedas, famoso por sua capacidade de identificar fraudes e ataques cibernéticos. Ele também foi responsável por investigações que ligaram ataques cibernéticos a grupos norte-coreanos, revelando esquemas complexos de roubo em projetos legítimos.