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Reservas de bitcoin criam novo sistema financeiro global

As reservas em Bitcoin estão mudando a forma como as empresas operam e até inspirando novas abordagens de negócios. Com o Brasil se destacando na inovação, com iniciativas como o Pix e a tokenização de ativos, essa transformação financeira ganha cada vez mais força.

Durante o DAC 2025, um evento promovido pela exchange Mercado Bitcoin, Guilherme Gomes, da Orange, comentou que as reservas de Bitcoin, antes encaradas como experiências isoladas, estão se firmando como base para um novo sistema financeiro mundial. Essa visão foi impulsionada por Michael Saylor, da MicroStrategy, que, ao transformar sua empresa em uma “tesouraria de Bitcoin”, mostrou que essa estratégia não é apenas uma tática, mas sim uma sólida defesa numa economia global em mudança.

Gomes destacou que essa abordagem vai muito além do setor de tecnologia. Ao trocar dinheiro em caixa por Bitcoins, as empresas criam um escudo contra crises financeiras. Um exemplo interessante é a Metaplanet, no Japão, que viu seu valor de mercado saltar de menos de 5 milhões de dólares para 5 bilhões, acumulando cerca de 30 mil Bitcoins. Este caso mostra que há uma demanda clara no mercado, mesmo na ausência de produtos tradicionais que permitam esse tipo de investimento.

A Orange, que agora está entrando no mercado latino-americano, tem como meta construir a maior tesouraria de Bitcoin da região. Além disso, querem promover educação financeira para que investidores e instituições possam entender e acessar melhor esse novo mundo de ativos. Gomes acredita que, com o tempo, o Bitcoin será reconhecido como o ativo mais sólido do planeta, moldando o futuro das empresas e da economia.

Produtos de crédito e equity

Não se trata apenas de acumular Bitcoin. Empresas como a Strategy já estão criando produtos de crédito que têm o Bitcoin como base. Um bom exemplo é o Stretch, que se destacou como um dos maiores IPOs do ano. Essa inovação mostra que investidores institucionais buscam alternativas diretas para entrar no mundo cripto. Muitas vezes, esses fundos só podiam investir em renda fixa ou ações, tornando difícil o acesso a criptoativos. Com a criação de produtos financeiros específicos, fica mais simples para esses investidores.

Esse movimento indica que as reservas em Bitcoin estão não apenas preservando valor, mas também gerando liquidez e novas opções de investimento no mercado. A Strategy, que começou a se aventurar nesse mundo de forma oportunista, hoje se vê como uma empresa de tesouraria de Bitcoin, focada em aumentar suas reservas e expandir seus produtos financeiros.

O papel do Brasil e a inovação em pagamentos

Enquanto empresas de fora estão abraçando o conceito das tesourarias em Bitcoin, o Brasil tem se destacado por sua inovação no setor financeiro. Benjamin Lizana, do Softbank, trouxe à tona como o Brasil se tornou referência ao lançar o Pix, um sistema de pagamentos instantâneo que fez muito barulho internacionalmente. Isso abriu caminho para o Drex, uma versão digital do real que promete revolucionar o mercado de crédito por aqui.

O Drex pode transformar um mercado de crédito gigantesco, de cerca de 500 bilhões de dólares, permitindo a tokenização de ativos que antes eram difíceis de negociar. Para Lizana, a combinação da tradição brasileira em renda fixa com essa nova liquidez cria um ambiente perfeito para o país se destacar na próxima fase da criptoeconomia. Outras nações, até mesmo os Estados Unidos, estão olhando para o Banco Central brasileiro em busca de inspiração, especialmente sobre o modelo do Pix.

Essa evolução posiciona o Brasil na vanguarda dos emergentes e abre portas para um aumento em IPOs, fusões e aquisições, além de criar novas oportunidades de capitalização.

O olhar institucional sobre o setor

Outro ponto interessante discutido foi a transição do setor cripto, que está passando de um domínio mais voltado para o varejo para um espaço cada vez mais ocupado por instituições. Randall Little, da 50 Funds, destacou como seu fundo sempre teve um foco em equity, mesmo quando a atenção estava voltada para os tokens. Agora, essa estratégia está dando resultados, já que o capital institucional está se voltando para ações de empresas do setor.

Little mencionou que, neste ano, muitas empresas começaram a adotar tesourarias em ativos digitais, não só em Bitcoin e Ethereum, mas também em altcoins. O interesse por stablecoins, exchanges centralizadas e a tokenização de ativos reais fortalece ainda mais a relação entre investidores tradicionais e o mundo blockchain. Ele também falou sobre a Coinbase, que se expandiu criando a Base, uma solução de camada secundária, embora o mercado acionário ainda não a tenha reconhecido plenamente.

Para ele, a ideia de que a entrada de instituições mudaria o jogo está se concretizando. Com isso, o equity se tornou o canal natural para trazer capital ao universo cripto. Ele acredita que, nos próximos anos, veremos de cinco a dez IPOs relevantes no setor, solidificando essa nova tendência.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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