Revolut recebe licença MiCA e avança na criação de stablecoin
O Revolut, um dos bancos digitais mais conhecidos da Europa, acaba de conquistar uma licença de Mercados de Criptoativos (MiCA) da Comissão de Valores Mobiliários do Chipre (CySEC). Essa licença é um grande passo, pois permite que a Revolut ofereça e comercialize serviços de criptoativos em todos os 30 países do Espaço Econômico Europeu (EEE) através de uma cláusula chamada “passaporte”. No entanto, isso ainda poderá passar por uma avaliação adicional de cada estado da União Europeia.
Recentemente, a empresa anunciou que está se preparando para lançar uma opção de “conversão 1:1 entre stablecoins e USD”, sem aquelas famosas diferenças de preços entre a compra e a venda. Costas Michael, o CEO da Revolut Digital Assets Europe, comentou que esse é um avanço importante, refletindo a confiança da CySEC no comprometimento da empresa com a conformidade regulatória no setor de criptomoedas. Ele destacou que a licença MiCA é fundamental para as ambições futuras da Revolut no mundo cripto.
O Revolut já oferece negociação de criptomoedas desde 2017 em algumas regiões e tem ampliado os serviços ao longo dos anos. Em novembro de 2024, a empresa lançou a Revolut X, uma corretora de criptomoedas independente, permitindo que usuários negociassem até 200 criptomoedas em sua plataforma para desktop.
Mas a Revolut não está sozinha nessa busca por licenças no Chipre. Em janeiro, a Coinbase adquiriu a unidade cipriota da BUX, renomeando-a como Coinbase Financial Services Europe, e também obteve sua licença MiCA na Europa.
Stablecoin à vista?
Essas novidades vêm acompanhadas de rumores sobre a possibilidade de o Revolut lançar sua própria stablecoin, especulações que já circulam há mais de um ano. Em junho de 2025, duas fontes comentaram que a empresa ainda estava de olho na criação dessa stablecoin, mas a Revolut ainda não se manifestou oficialmente sobre o assunto.
Sadri Sali, um advogado especializado em regulamentação de criptomoedas da UE, comentou que com a licença MiCA a Revolut está em uma posição favorável para lançar sua própria stablecoin até 2026, especialmente quando as novas regulamentações estiverem completamente implementadas. No entanto, é importante que a empresa ative sua Licença de Dinheiro Eletrônico (EMI) na Lituânia e se conforme com as exigências da Autoridade Bancária Europeia (EBA) caso o token ganhe relevância.
Sali observou que a licença MiCA não é suficiente por si só para permitir a emissão de stablecoins. Segundo ele, a autorização para emissão de tokens de moeda eletrônica é restrita a instituições de crédito e àquelas com licença como emissoras de moeda eletrônica. Enquanto isso, a entidade da Revolut em Chipre atua como um provedor de serviços e não como um emissor.
Caso decida utilizar sua licença EMI lituana para lançar uma stablecoin, a Revolut terá que preparar um whitepaper que esteja em conformidade com os padrões da MiCA e que aborde questões de reserva, governança e resgate. A expectativa é que muitas empresas fiquem atentas a essa oportunidade, mas muitos bancos menores podem hesitar devido aos altos custos de conformidade com regulamentações de combate à lavagem de dinheiro.
Sali acredita que a Revolut abriu caminho para outras instituições nesse mercado, que até agora têm adotado uma postura de “esperar para ver” em relação à emissão de stablecoins.





