Notícias

SEC aprova ETFs para resgates diretos em Bitcoin

A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) fez um anúncio importante nesta terça-feira (29): os ETFs à vista de Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH) agora poderão realizar criações e resgates “in-kind”. Isso significa que esses fundos passam a aceitar e entregar as criptomoedas diretamente, ao invés de usar apenas dólares. Essa mudança representa um passo significativo para a forma como os investimentos em criptoativos são estruturados.

Essa nova regra traz um modelo de operação mais próximo dos ETFs de commodities, como o ouro, que já utilizam esse sistema há anos. A SEC afirmou, em seu comunicado oficial, que essa decisão está em conformidade com a Seção 6(b)(5) do Exchange Act, que visa promover mercados justos e organizados.

O que muda na prática?

Agora, os authorized participants (APs), que são grandes instituições financeiras encarregadas dos bastidores dos ETFs, poderão:

  • Enviar BTC ou ETH diretamente ao fundo para a criação de novas cotas.
  • Receber BTC ou ETH de volta ao devolver cotas do fundo.

Antes, todo esse processo se dava apenas em dinheiro, obrigando os fundos a comprar ou vender criptomoedas diariamente no mercado, o que gerava custos extras e impactos diretos nos preços. Isso complicava a vida dos investidores e tornava o mercado menos eficiente.

“Só uma mudança na tubulação?”

Eric Balchunas, analista sênior de ETFs da Bloomberg, comentou de forma bem-humorada acerca do uso da expressão “Order granting accelerated approval” que aparece no documento da SEC. Ele sugere que, embora essa mudança possa parecer técnica, ela é fundamental para a história dos ETFs de cripto.

Porém, Balchunas também alerta que:

  • Essa mudança se aplica apenas a instituições grandes que operam na criação e resgate. Não significa que os investidores comuns poderão trocar diretamente cotas de ETFs por BTC.
  • O impacto no varejo não será imediato, mas a melhoria na infraestrutura é significativa. Ele compara essa decisão a corrigir problemas nas tubulações de um sistema.

Balchunas menciona que a resistência do chairman da SEC, Gary Gensler, em aceitar esse modelo “in-kind” estava ligada ao temor de que os ETFs recebessem bitcoins de origem duvidosa. Contudo, essa nova aprovação indica que a SEC está começando a reconhecer os criptoativos como uma classe de ativos legítima.

💣 ETF de opções de Bitcoin pode estar a caminho

Após a decisão ser divulgada, um emissor de ETF anônimo enviou uma mensagem para Balchunas dizendo que essa mudança pode resultar em uma onda de ETFs baseados em opções de Bitcoin. Isso é visto como um próximo passo totalmente lógico para o setor, permitindo estratégias mais complexas e novas maneiras de expor os investidores ao ativo digital.

Embora a mudança pareça apenas técnica, a criação e resgate em espécie vão melhorar bastante a operação dos fundos. Entre os benefícios, podemos destacar:

  • Redução de custos operacionais.
  • Aumento na eficiência das arbitragens.
  • Diminuição na pressão das compras e vendas diretas nos mercados.
  • Assegurar que os ETFs se alinhem mais ao verdadeiro valor dos ativos.

Esse processo também abre as portas para que grandes detentores de criptomoedas, como mineradores, possam trocar seus ativos por cotas de fundos regulamentados sem precisar vender as criptomoedas no mercado.

E o que acontece agora?

A nova decisão da SEC já está em vigor. A expectativa é que as gestoras de ETFs atualizem seus prospectos e implementem essa opção nos próximos dias. Todos os ETFs à vista de Bitcoin e Ethereum que estão listados nas bolsas como Nasdaq, Cboe BZX e NYSE Arca serão contemplados, incluindo os de empresas renomadas como BlackRock, Fidelity e Ark Invest.

Estamos vendo todo um cenário se transformando, e isso é só o começo para o mercado de criptoativos e suas aplicações em investimentos.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo