Staking de ethereum atinge máximas históricas em meio a deliberações da sec
As transações na rede Ethereum deram um salto e alcançaram o maior nível em um ano, especialmente depois que a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) trouxe novas diretrizes sobre staking. Esse crescimento está acompanhado de recordes históricos no número de Ether em staking. De acordo com a Dune Analytics, mais de 36 milhões de Ether (ETH) estão atualmente em staking, o que equivale a quase 30% do total que existe.
O elevado número de tokens bloqueados em contratos inteligentes mostra que muitos detentores de Ether optam por manter seus ativos fora de circulação em troca das recompensas do staking. Essa movimentação na rede coincide com as novas orientações da SEC, que apontoou que o staking líquido pode estar fora do alcance das leis de valores mobiliários. Mas nem tudo é tão tranquilo: uma comissária expressou suas reservas sobre a clareza dessa definição.
Staking líquido na Ethereum em “águas turvas”
Recentemente, a Divisão de Finanças Corporativas da SEC divulgou uma “Declaração sobre Certas Atividades de Staking Líquido”. Esse tipo de staking permite que um token represente o ativo em staking de um usuário, dando uma liberdade maior para quem investe, pois ainda pode usar protocolos de finanças descentralizadas (DeFi) enquanto recebe por isso.
A SEC deixou claro que as atividades de staking líquido, assim como os “tokens de recibo de staking”, não são considerados “valores mobiliários” conforme a legislação de 1933. Isso significa que os emissores desses tokens, desde que não constituam um contrato de investimento, não precisam se registrar na SEC.
Essa nova diretriz foi festejada pela comunidade DeFi. Mara Schmiedt, CEO da Alluvial, destacou que as instituições agora podem integrar os LSTs (tokens de staking líquido) com segurança em seus produtos. Isso pode abrir novas portas em termos de receita e clientes, além de possibilitar mercados secundários para ativos em staking.
Por outro lado, a comissária Caroline Crenshaw não endossou totalmente essa visão, afirmando que a interpretação apresentada poderia ficar distante da realidade do setor atual. Ela apontou que as conclusões jurídicas contidas na declaração só se aplicavam se todas as premissas se confirmassem, o que pode não ocorrer na prática.
De forma a tranquilizar, Hester Peirce, conhecida como “Crypto Mom” devido ao seu apoio à indústria, corroborou que o staking líquido, quando relacionado aos protocolos, não se encaixa nas normas de valores mobiliários. O presidente Paul Atkins considerou a medida da SEC um passo importante para esclarecer a atuação com criptoativos que estão fora do seu alcance.
Ethereum em alta enquanto DeFi segue em zona cinzenta regulatória
Apesar das incertezas jurídicas, o ecossistema Ethereum continua otimista. Um autor da CryptoQuant, usando o pseudônimo Onchainschool, alertou que mais de 500.000 ETH, ou cerca de US$ 1,8 bilhão, foram colocados em staking apenas na primeira quinzena de junho. Esse aumento é visto como um sinal de confiança crescente e uma diminuição na oferta líquida.
Outra informação interessante: o número de endereços blockchain que nunca venderam Ether chegou a quase 23 milhões, totalizando cerca de US$ 82,6 bilhões. Isso mostra que muitas pessoas estão optando por guardar seus ativos em vez de se desfazer deles.
Apesar desse otimismo, a regulamentação para a DeFi ainda está em debate em várias partes do mundo. Nos Estados Unidos, a SEC adiou sua decisão sobre o pedido da Bitwise para incluir o staking em um fundo de Ether. Além disso, um projeto de lei intitulado CLARITY Act, que busca estabelecer normas para o setor DeFi, ainda está em negociação no Congresso.
Na Europa, a regulamentação de Mercados de Criptoativos (MiCA) não abrange DeFi atualmente, mas espera-se que isso se torne uma prioridade em 2026. A verdade é que a mudança é um processo, e tanto a Ethereum como outros ecossistemas estão se preparando para uma nova fase, que poderá trazer mais clareza e segurança ao setor.