Recentemente, a Strategy deu um passo ousado e comprou 4.000 Bitcoins, o que equivale a aproximadamente US$ 450 milhões. Essa aquisição foi financiada em grande parte pela emissão de ações ordinárias, segundo um comunicado da empresa.
Sediada em Tysons Corner, na Virgínia, a Strategy agora detém cerca de 636.500 Bitcoins no total, avaliados em US$ 70,6 bilhões. Para isso, a empresa emitiu US$ 425 milhões em ações ordinárias, além de outros US$ 46,5 milhões em ações preferenciais.
A Strategy tem buscado várias formas de financiar suas compras de Bitcoin. Tradicionalmente, ela se virou para os acionistas como uma forma de aumentar suas reservas. Recentemente, essa estratégia chamou atenção, especialmente depois que a companhia decidiu revisar algumas regras internas.
Além disso, a empresa de tesouraria de Bitcoin modificou uma restrição que a impedia de diluir as ações dos acionistas ordinários. Inicialmente, essa regra só permitia a emissão de novas ações quando o preço delas fosse superior a 2,5 vezes o valor de suas participações em Bitcoin. Agora, a Strategy pode emitir ações ordinárias “quando julgar vantajoso”.
Na segunda-feira, as ações da Strategy estavam sendo negociadas por volta de US$ 346, uma queda de quase 5,5% em relação ao último mês. Para se ter uma ideia, em novembro, os papéis chegaram a US$ 543 após a eleição presidencial nos Estados Unidos.
Analistas do banco de investimentos Benchmark comentaram sobre as preocupações dos investidores de varejo. Eles afirmaram que as apreensões sobre a gestão do CEO e cofundador Michael Saylor são, na verdade, infundadas. Em meio a um aumento de empresas focadas em Bitcoin, a Strategy continua sendo vista como um parâmetro e referência do setor. Eles até mantiveram a recomendação de “Compra” para as ações, com um preço-alvo de US$ 705.
O valor patrimonial líquido da empresa, conhecido como mNAV, estava em 1,5x na segunda-feira, conforme indicado pela Saylor Tracker. No último ano, o mNAV chegou a ter um prêmio de 3,9x em relação aos seus ativos em Bitcoin, mas essa relação tem diminuído.
Essa autocontenção da Strategy pode ter gerado o que os analistas chamaram de uma “reação em cadeia”. O mNAV da empresa começou a cair mês passado, e essa queda foi interpretada negativamente pelo mercado, levando a uma compressão ainda maior do prêmio.
Embora a intenção inicial da Strategy fosse proteger o valor do mNAV, isso acabou se tornando contraproducente ao limitar o acesso a fontes de capital mais baratas, de acordo com os analistas.
A atualização sobre a emissão de ações ordinárias reflete a abordagem mais adaptativa e oportunista que a empresa adotou desde o início de sua jornada em 2020. Essa mudança foi encarada pelos especialistas como uma decisão cumulativa e bem pensada.
As ações da Strategy têm mostrado uma volatilidade nas últimas semanas. No entanto, sua inclusão no S&P 500 poderia trazer bilhões de dólares em demanda passiva. A empresa cumpriu todos os requisitos necessários para essa inclusão, e a decisão sobre o reequilíbrio do índice acontece nesta semana.
Outras empresas de criptomoedas, como a Coinbase, já estão no índice, mas os analistas destacam que o Comitê do Índice S&P pode ter uma visão distinta da Strategy, uma vez que sua receita provém quase inteiramente das oscilações no valor dos Bitcoins que possui.
