Tether congela R$ 32 milhões em USDT após hack do Banco Central
A Tether, responsável pela stablecoin USDT, anunciou na última sexta-feira que trabalhou em conjunto com o Ministério Público de São Paulo e a Polícia Federal para congelar R$ 32 milhões em USDT que estavam relacionados ao hack da C&M Software. Esse ataque teve um impacto significativo nas contas reservadas do Banco Central.
O esquema foi parte da Operação Magna Fraus, que resultou na apreensão de R$ 5,5 milhões em criptomoedas. Durante a operação, foram realizados dois mandados de prisão e cinco de busca, em Goiás e no Pará, com objetivo de coletar provas contra os envolvidos em lavagem de dinheiro e fraudes.
No comunicado, a Tether destacou que colabora com mais de 275 agências de segurança em 59 jurisdições. Para coibir atividades ilícitas, a empresa mantém uma política ativa de congelamento de carteiras vinculadas a pessoas sancionadas, sempre seguindo as diretrizes da OFAC e dos reguladores nacionais. “A nossa habilidade de rastrear transações e congelar USDT ligados a atividades criminosas nos diferencia do sistema financeiro tradicional, que muitas vezes é como uma caixa-preta,” afirmou Paolo Ardoino, CEO da Tether. Ele ainda garantiu que a companhia está comprometida em combater crimes financeiros, especialmente em colaboração com as autoridades brasileiras, para impedir que bandidos se aproveitem da tecnologia das stablecoins.
Relembre o caso
Tudo começou no dia 2 de julho, quando a C&M Software, uma empresa que presta serviços tecnológicos para instituições financeiras, sofreu um ciberataque. O resultado foi o desvio de milhões que bancos mantinham depositados no Banco Central. Com a estimativa de um prejuízo de R$ 800 milhões, o ataque atingiu pelo menos seis bancos. Embora os clientes finais não tenham sido afetados, os criminosos começaram a tentar lavar o dinheiro desviado com criptomoedas. A invasão foi facilitada pela propina paga a um funcionário da empresa, que vendeu acesso aos sistemas.
A BMP foi uma das empresas impactadas e informou que os hackers tentaram converter parte do montante roubado em USDT. Contudo, conseguiram recuperar os valores, pois a plataforma utilizada detectou a fraude e bloqueou as operações.
Além de tentarem converter o dinheiro roubado em criptomoedas como Bitcoin (BTC) e Tether (USDT), a SmartPay também percebeu movimentações suspeitas na madrugada do dia 30 de junho. Segundo Rocelo Lopes, CEO da SmartPay, a equipe conseguiu reter grandes somas e devolveu os valores às instituições afetadas.
Embora ainda não haja um inquérito formal aberto, a Polícia Federal foi acionada, e o Banco Central determinou a suspensão do acesso das instituições à infraestrutura da empresa atacada. A C&M confirmou o ataque, mas não divulgou detalhes sobre a extensão dos danos. Por sua vez, a BMP informou que arcará com os prejuízos, garantindo que seus clientes não sentirão o impacto dos eventos.