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Três homens detidos por utilizarem criptomoedas em tráfico de drogas

As autoridades britânicas prenderam três homens envolvidos em um esquema de tráfico de drogas que usava a dark web e criptomoedas para esconder identidades e facilitar pagamentos. A investigação começou em 2022 e mostra que até as operações criminosas mais complexas podem deixar rastros que a tecnologia consegue identificar.

Os detalhes foram revelados pela BBC: o líder do grupo, Malcolm Magala, de 37 anos, atuava a partir de Portsmouth, utilizando diversas identidades em marketplaces da dark web desde 2020. Ele vendia heroína e crack para compradores em todo o Reino Unido. Os parceiros de Magala, Alain Kirunda-Nsiiro, de 39 anos, e Jerome Omard, de 44, ambos de Londres, cuidavam da embalagem e do envio das substâncias, usando os Correios de Walthamstow. Os pagamentos eram feitos em Bitcoin e outras criptomoedas, que eram após lavadas através de carteiras digitais e técnicas de mixagem, dificultando o rastreamento.

O esquema: drogas enviadas pelo correio e pagamentos em cripto

As investigações da South East Regional Organised Crime Unit (SEROCU) começaram após a detecção de transações em criptomoedas ligadas a vendas de drogas em plataformas anônimas. Em julho de 2022, Jerome Omard foi interceptado enquanto se dirigia aos Correios com 138 gramas de heroína escondidos em uma caixa de som. A busca em sua casa revelou mais drogas e materiais de embalagem.

No mesmo dia, Magala foi encontrado com £3.150 em criptomoedas e equipamentos usados na operação, e sua casa tinha uma prensa de comprimidos e pequenas quantidades de drogas sintéticas. Kirunda-Nsiiro também foi preso dias depois, com evidências ligando-o ao esquema logístico do grupo.

Penas severas e recado às quadrilhas digitais

No tribunal de Reading Crown, as penas foram severas:

  • Malcolm Magala: 11 anos e 3 meses, por conspiração para fornecer heroína e cocaína, além de posse de bens de origem criminosa.
  • Jerome Omard: 4 anos e 6 meses, após confessar.
  • Alain Kirunda-Nsiiro: 12 anos de prisão, após julgamento.

O detetive Rob Bryant, que liderou a operação, afirmou que a investigação foi “complexa e pioneira”, misturando métodos tradicionais de investigação com rastreamento digital. Ele destacou que o caso deve servir de alerta: atividades criminosas na dark web são rastreáveis e as autoridades estão sempre em busca de desmantelar essas operações.

Blockchain: anonimato parcial, rastreabilidade total

Embora as criptomoedas sejam frequentemente vistas como anônimas, suas transações são públicas e registradas em blockchains. Usando ferramentas de análise sofisticadas, como as de empresas forenses, investigadores conseguem mapear transações e conectar carteiras a indivíduos. Isso foi crucial para desvendar o caso em questão, onde padrões de envio e recebimento puderam ser identificados.

Esse tipo de investigação digital já ajudou em operações anteriores, como a “DisrupTor” e a “DarkMarket”, que resultaram na prisão de muitos envolvidos no tráfico na dark web.

Desafios de segurança no setor cripto

Enquanto as autoridades britânicas celebram essa operação bem-sucedida, o setor de criptomoedas ainda enfrenta sérios problemas de segurança. De acordo com dados da PeckShield, ataques em blockchain geraram perdas de US$ 127 milhões em setembro de 2025, uma queda de 22% em relação a agosto. Esses incidentes foram concentrados em poucos grandes ataques, como o da UXLINK, que perdeu US$ 44,1 milhões após ter sua carteira comprometida, e o da SwissBorg, que teve US$ 41,5 milhões roubados devido a uma violação em seu parceiro.

As falhas de segurança permanecem críticas, especialmente em protocolos DeFi e APIs externas. UXLINK e SwissBorg estão agora trabalhando com corretoras, forças de segurança e hackers éticos para tentar recuperar os fundos e ajudar os usuários afetados.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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