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Tron solicita venda de até US$ 1 bilhão em títulos para adquirir TRX

A Tron Inc., que tem sua atuação na Nasdaq e que antes focava em produtos de parques temáticos, agora está de olhos voltados para o mundo das criptomoedas. A empresa anunciou que pretende vender até US$ 1 bilhão em valores mobiliários e se posicionar como um novo motor de operação dentro do universo dos criptoativos, especialmente com o TRX, seu token nativo.

Esse novo plano inclui a emissão de ações, dívida e outros instrumentos financeiros. O objetivo é claro: utilizar os recursos arrecadados para comprar tokens TRX e explorar outras estratégias que ajudem a firmar novas fontes de receita. Essa informação foi revelada em um documento enviado à comissão de valores mobiliários na segunda-feira.

A iniciativa segue um modelo que já foi popularizado por empresas como a Strategy, do Michael Saylor, embora o ativo em questão, o TRX, seja um pouco mais desconhecido e tenha menos liquidez. Por isso, a empresa se preocupou em avisar que uma queda no preço do TRX ou uma diminuição no interesse dos investidores pode dificultar a captação de recursos. Caso a área de brinquedos e souvenirs não gere o caixa desejado nos próximos meses, a Tron planeja atender suas obrigações financeiras por meio de ações ou dívidas. Vale lembrar que essa mesma linha de negócios não trouxe um fluxo de caixa positivo em 2024.

Possível Conflito de Interesses

A mudança de foco da Tron também levanta algumas preocupações. O seu conselho de administração conta com diretores que possuem vínculos claros com o ecossistema da blockchain TRON. O presidente do conselho, Weike Sun, é pai de Justin Sun, o fundador da Tron. Recentemente, as empresas de Justin enfrentaram problemas com a SEC por supostas vendas de valores mobiliários não registradas e manipulação de mercado envolvendo o TRX.

Ainda que Justin negue as acusações, essa relação familiar faz com que surjam dúvidas sobre como é feita a governança da empresa, especialmente considerando que ela utiliza capital público para expandir seu vínculo com a Tron.

Não é só isso. A Tron Inc. não menciona formalmente o papel de Justin no conselho, mas a estrutura inclui um conselheiro da Tron DAO e o desenvolvedor chefe do Tronscan. Além disso, os US$ 100 milhões em TRX que foram usados para financiar uma fusão reversa permanecem sob a tutela de um truste em Hong Kong, onde um dos diretores da Tron também atua.

Essa estratégia representa um movimento ousado, tentando se tornar um canal de liquidez para a Tron de uma maneira que é vista como econômica e interessante. Segundo Vincent Liu, diretor de investimentos da Kronos Research, essa manobra pode ser uma forma de conectar o capital das finanças tradicionais ao ecossistema da Tron.

Contudo, é importante ter em mente que o TRX é considerado menos líquido do que ativos mais tradicionais, como dinheiro em caixa ou investimentos de curto prazo. Isso significa que pode não servir como uma fonte de liquidez da mesma forma que esses ativos.

Liu também destacou que vincular o balanço de uma empresa pública à Tron pode trazer a perspectiva de valorização, mas não sem riscos. O cenário de liquidez baixa, a incerteza na regulamentação e os potenciais problemas reputacionais são pontos a serem considerados. Além disso, assim como acontece com o Bitcoin, a volatilidade do mercado da Tron pode deixar essa estratégia mais arriscada.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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