O clima em torno do universo das criptomoedas nos Estados Unidos está bastante agitado. Recentemente, o presidente Donald Trump tem defendido uma agenda que promete transformar o país na “capital cripto do mundo”. Contudo, há vozes críticas, como a de Ray Youssef, CEO da plataforma NoOnes, que vê essa situação de forma bem diferente. Em um papo no podcast BeInCrypto, Youssef apontou que, na verdade, o governo americano está realizando uma “demolição controlada” da indústria cripto.
Para ele, o que parece ser uma expansão é, na realidade, uma estratégia que visa controlar e centralizar o setor. Youssef disse claramente: “Os Estados Unidos não estão tentando fortalecer a cripto. Estão preparando o terreno para desmontar a indústria sob o disfarce de regulação e conformidade.” Essa crítica sugere que, apesar das boas intenções que podem parecer, existe uma intenção oculta que pode prejudicar todo o ecossistema cripto.
A Binance figura como um exemplo central nessa narrativa de controle. Desde que Changpeng Zhao, também conhecido como CZ, fundou a exchange em 2017, o crescimento foi meteórico. Entretanto, a pressão regulatória crescente obrigou CZ a se declarar culpado em 2023 por violações da lei bancária americana. A Binance enfrentou uma multa de US$ 4,3 bilhões, e CZ passou quatro meses na prisão. Esse episódio, segundo Youssef, representa a entrada dos Estados Unidos na estrutura da exchange.
Ele vai além, dizendo que “o Tio Sam agora dirige a Binance” ao colocar um fiscal americano para supervisionar as operações. O que poderia ser visto como uma simples multa é, na verdade, um movimento de controle do governo.
Recentemente, Trump perdoou CZ, permitindo que a Binance operasse novamente nos EUA. Para Youssef, isso é mais um sinal de que a exchange faz parte de um plano político maior. Ele afirma que “CZ e Trump estão do mesmo lado. O perdão não foi um ato de justiça; foi um movimento de poder.”
Trump está acabando com o mercado cripto
Na visão de Youssef, tudo começou com a queda da FTX em 2022, que ele considera como um ensaio para um colapso ainda maior. Ele alerta que agora a Binance pode ser utilizada como uma ferramenta para esse desastre, prevendo um colapso “mil vezes maior que o da FTX”. Para ele, a ideia é criar tanto tumulto que o mercado perca a confiança nas criptomoedas, facilitando assim a implementação de um novo sistema financeiro, sob controle estatal.
Youssef descreve isso como uma “engenharia de colapso”, onde um sistema é cuidadosamente destruído para ser substituído por outro. Ele afirma que, quando um sistema está pronto para ser trocado, o poder não age de forma aleatória, mas implosiona o que já existe para reconstruir algo alinhado aos seus próprios interesses.
‘Espião’ no mercado cripto
No entendimento de Youssef, os EUA não apenas buscam regular o mercado, mas sim controlar suas bases. Ele explica: “Ao controlar a Binance, eles controlam a liquidez global, podendo monitorar fluxos, rastrear usuários e influenciar preços.” Essa infiltração, segundo ele, cria um sistema em que a descentralização do mercado cripto se torna apenas aparente.
Para Youssef, se a Binance cair, isso seria uma catástrofe. Ele compara a situação com “o 11 de setembro do mundo cripto”, ressaltando que tudo mudaria rapidamente, trazendo novas regras e vigilância. Por isso, ele recomenda que os investidores retirem seus fundos de exchanges centralizadas e adotem a autocustódia, argumentando que isso preserva a essência do Bitcoin.
Tama ativa qualquer crise como uma justificativa para aumentar controle social, e, na visão dele, isso é apenas um ciclo que pode continuar. E ele também aponta que até mesmo as DEXs (exchanges descentralizadas) já estão sujeitas a influências governamentais, mencionando que seguem listas de sanções.
Youssef acredita que essa batalha em desenvolvimento não é apenas econômica, mas uma verdadeira luta filosófica. Ou as criptomoedas permanecem livres, ou se tornam uma engrenagem de um sistema financeiro centralizado. E, segundo ele, Trump não está ajudando o setor — está acabando com ele, peça por peça.
