Vencedora do Nobel da Paz defende Bitcoin; confira suas falas
A venezuelana María Corina Machado conquistou o Prêmio Nobel da Paz de 2025. O reconhecimento vem como uma valorização de sua luta contra a ditadura no país, que tem persistido sob o comando de Nicolás Maduro desde 2013. É importante destacar que, apesar de ser uma figura conturbada na política local, sua candidatura à presidência em 2024 foi barrada pelo Judiciário, o que só acirrou ainda mais os ânimos.
Em uma entrevista para a Fundação dos Direitos Humanos, durante sua campanha, Machado se mostrou uma entusiasta do Bitcoin. Ela mencionou que sua campanha não tinha acesso ao sistema bancário, o que a levou a propor o uso da criptomoeda como uma abordagem inovadora para enfrentar a crise econômica que aflige o país. A ideia de estabelecer uma reserva soberana de Bitcoin na Venezuela é, para ela, uma esperança de reconstrução econômica.
Oposição à Ditadura e o Nobel da Paz
Enquanto economistas renomados como Eugene Fama e Paul Krugman manifestam posições contrárias ao Bitcoin, María Corina Machado se destaca como uma defensora da criptomoeda. O comitê do Nobel ressaltou sua incansável luta pelos direitos democráticos do povo venezuelano.
Em uma nota divulgada, o comitê declarou: “O Prêmio Nobel da Paz de 2025 foi concedido a María Corina Machado por seu incansável trabalho na promoção dos direitos democráticos do povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia.”
A escolha do prêmio, no entanto, não foi bem recebida por todos. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, que apoiou a reeleição de Maduro, criticou a decisão. Ele comentou que o comitê concedeu o prêmio a pessoas que, segundo ele, não fizeram nada significativo pela paz, o que, na sua visão, descredibilizaria a honraria.
A Defesa do Bitcoin
Em uma conversa com a Fundação dos Direitos Humanos, María Corina Machado ressaltou como o Bitcoin poderia ser uma solução para os problemas econômicos gerados sob o regime de Maduro. Ela destacou que as pessoas precisam compreender não apenas as violações de direitos humanos, mas também as violências financeiras que têm ocorrido nos últimos anos.
Machado falou sobre a desvalorização do bolívar venezuelano, que perdeu 14 zeros enquanto esteve sob os governos de Chávez e Maduro, resultando em uma economia devastada. A inflação, que chegou a espantosos 1.700.000% em 2018, transformou a vida de muitos em um desafio diário.
Além disso, enfatizou que o governo tem usado o sistema financeiro como uma “arma contra o povo”, com a prática de congelamento de contas e confisco de bens. “Atualmente, nossa campanha opera sem acesso bancário, mas seguimos firmes na luta por mudança”, afirmou, lembrando de seu próprio sofrimento sob a ditadura.
“O Bitcoin se tornou uma salvação para muitos venezuelanos durante a hiperinflação. Ele ajudou a proteger a riqueza e a financiar fugas”, disse Machado, destacando como a criptomoeda tem permitido a muitos contornar as taxas de câmbio impostas pelo governo. “Estamos agradecidos pela oportunidade que o Bitcoin representa e queremos implementá-lo em uma nova Venezuela democrática. Enxergamos o Bitcoin como parte das nossas reservas, essenciais para reconstruir o que foi destruído pela ditadura”, declarou.
A política também tinha uma visão clara de que a única maneira de mudar a Venezuela seria com direitos de propriedade garantidos, baixa inflação e uma governança mais transparente. “Diferentemente das transferências bancárias que o regime bloqueia, as doações em Bitcoin são irrecuperáveis”, destacou.
“Vamos usar essa tecnologia para promover a mudança que nossa nação tanto precisa! Os recursos arrecadados apoiarão nossos esforços por uma transição pacífica”, continuou com esperança.
Apesar de suas aspirações, a realidade política foi dura. O nome de María Corina Machado mal apareceu nas urnas e Maduro foi reeleito. Com questionamentos sobre a legitimidade do pleito, poucos países reconheceram a vitória de Maduro, o que pode explicar a reação de Putin quanto ao prêmio que Machado recebeu.