Mirelis termina relação com “Faraó do Bitcoin” e o critica
Mirelis Yoseline Dias Zerpa, até recentemente conhecida como esposa de Glaidson Acácio dos Santos, o famoso “Faraó do Bitcoin”, está enfrentando uma nova fase em sua vida. Embora Glaidson tenha sido a figura de destaque da GAS Consultoria, o verdadeiro conhecimento técnico sobre a gestão das carteiras de criptomoedas vinha dela.
Agora, o relacionamento entre o ex-casal está mais do que rompido. Mirelis e Glaidson se separaram, e a estratégia de defesa contra as acusações que pesam sobre eles está se desenhando de maneira oposta. O advogado de Mirelis, Ciro Chagas, afirmou que ela foi vítima de uma relação abusiva e que já não mantém qualquer tipo de vínculo pessoal com Glaidson.
Desde que foi extraditada dos Estados Unidos, Mirelis está presa no Complexo Penitenciário de Bangu, no Rio de Janeiro. Ela é acusada de crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro referentes à operação da GAS Consultoria, que autoridades classificaram como uma pirâmide financeira.
No Brasil, ela passou por uma audiência de custódia, onde um juiz decidiu pela manutenção de sua prisão. Recentemente, os advogados da Mirelis protocolaram um pedido de Habeas Corpus, alegando que ela possui todas as condições para responder às acusações em liberdade. “Ela sempre compareceu aos atos do processo e se mostrou disposta a colaborar com a Justiça”, destacou Chagas.
A defesa de Mirelis argumenta que sua extradição foi irregular. Como cidadã venezuelana, ela não tinha cidadania brasileira ou visto de residência. Segundo seus advogados, isso constitui uma violação de direitos fundamentais, e eles estão considerando buscar responsabilização internacional.
## Rompimento total de Glaidson e Mirelis
A equipe jurídica de Mirelis tem um desafio pela frente. Eles irão sustentar que ela não tinha autoridade dentro da operação e que atuava apenas como uma funcionária sob as ordens de Glaidson. Chagas reforça que a acusação não mostrou que Mirelis teve qualquer poder de comando.
O advogado lembra que, em depoimento à CPI das Pirâmides Financeiras, Glaidson afirmou ser o único responsável pelas decisões da GAS. A relação entre eles parece ter chegado a um ponto sem volta. Em fevereiro do ano passado, Chagas chegou a defender Glaidson, mas agora se dedica exclusivamente ao caso de Mirelis.
Além de argumentar que Mirelis não tinha poder de comando, a defesa pretende demonstrar que não houve crimes. Segundo Chagas, ela possuía o conhecimento necessário para gerar rendimentos legais por meio do mercado de criptomoedas. Ele destaca a falta de prejuízo imediato e a complexidade do setor, que seriam questões que a Justiça ainda não analisou com o devido cuidado.
## Controle das carteiras
A defesa também se posiciona em relação aos bilhões em criptomoedas administrados pela GAS. Eles asseguram que Mirelis não tem controle sobre as carteiras que guardam valores significativos. Chagas mencionou que, em 2022, Mirelis sacou cerca de R$ 1 bilhão, aparentemente para saldar compromissos com clientes. Ela acreditava que a situação se resolveria rapidamente e, embora o montante pareça grande, era uma fração das operações da empresa.
Entre 2021, quando Glaidson foi preso, e 2023, houve movimentações nas carteiras que despertaram suspeitas sobre Mirelis, já que ela tinha acesso técnico a elas durante a operação. O advogado esclarece que, desde o início de 2024, ela não teve acesso a equipamentos com internet, o que impossibilita qualquer movimentação de sua parte.
A expectativa para o julgamento ainda é incerta. Existem esperanças de que a sentença de primeira instância possa sair ainda este ano.
## Como conheceu o “Faraó do Bitcoin”
A história de Mirelis e Glaidson começou em 2012, na Venezuela, quando ele era um novo pastor e ela, uma fiel da Igreja Universal do Reino de Deus. Ela lembra que, quando começaram a namorar, enfrentaram resistência de outros membros da igreja, um preconceito que gerou traumas.
Mirelis afirmou que essas experiências marcaram os dois e, em um vídeo, insinuou que a queda da GAS estaria ligada a Edir Macedo, o fundador da Igreja. Segundo ela, a estrutura da igreja estaria mais interessada em manter os pastores dependentes do que realmente promover a prosperidade entre o povo.
Esses desdobramentos mostram um capítulo significativo na vida de Mirelis, enquanto ela navega por caminhos desafiadores e busca, de alguma forma, se desvincular da imagem do “Faraó do Bitcoin”.