Venda de 80 mil bitcoins relacionada a hack de 2011, afirma CEO
Ki Young Ju, fundador e CEO da CryptoQuant, trouxe à tona um fato curioso: os 80 mil bitcoins movimentados recentemente estão ligados à MyBitcoin, uma antiga carteira que parou de operar após um grande hack em 2011. A venda dessas moedas foi realizada pela Galaxy Digital, que emitiu um comunicado afirmando que os bitcoins pertenciam a um “investidor da Era Satoshi” que estava repensando sua vida financeira.
Ju levantou algumas questões sobre a análise forense feita pela Galaxy, mas, ao que parece, isso não muda muito o cenário. Se realmente forem bitcoins de um golpe, a empresa já teria os dados do investidor, caso fosse necessário.
Galaxy Digital comenta a venda de 80 mil bitcoins por US$ 9 bilhões
Desde o início, os dados on-chain demonstraram que os 80 mil bitcoins foram enviados para carteiras da Galaxy Digital, o que dissipou vários rumores gerados pela comunidade, inclusive sobre vulnerabilidades no projeto. Na sexta-feira (25), a empresa confirmou a transação, esclarecendo mais sobre o investidor e a venda.
O comunicado da Galaxy diz: “A Galaxy Digital anunciou a execução bem-sucedida de uma das maiores transações de bitcoin da história do setor em nome de um cliente.” Eles afirmam que, com essa venda, o investidor está se desfazendo de uma parte significativa de seus ativos, o que representa um grande movimento no mercado cripto.
Para quem gosta de detalhes, a Galaxy gravou isso em uma transação de bitcoin, uma novidade interessante.
Atualmente, esses 80 mil bitcoins valem cerca de US$ 9 bilhões (ou R$ 50 bilhões), o que pode colocar o investidor entre as 400 pessoas mais ricas do planeta, ao lado de nomes como André Esteves e Justin Sun.
Ligação com uma antiga carteira de Bitcoin
Ju acredita que esses bitcoins estejam relacionados à MyBitcoin, que sofreu um dos maiores hacks da história em 2011. Segundo ele, “A transferência recente de 80.000 BTC, que estavam parados há 14 anos, veio de carteiras originalmente hospedadas pela MyBitcoin.”
Essas carteiras não eram movimentadas desde abril de 2011, antes do hack que ocorreu em julho daquele ano. Ju especula que os fundos podem pertencer ao hacker ou ao fundador anônimo da MyBitcoin, conhecido como Tom Williams. Contudo, ele não esclareceu como chegou a essa conclusão, e a Galaxy não comentou sobre as afirmações de Ju.
Por que a MyBitcoin está relacionada a esses 80 mil bitcoins?
O Livecoins já havia começado a investigar essa possível conexão entre a MyBitcoin e os 80 mil bitcoins, mas ainda não encontrou provas suficientes para confirmar. O primeiro indício é que a MyBitcoin foi hackeada em julho de 2011, perdendo quase 79 mil bitcoins, número bastante próximo dos 80 mil que foram movimentados agora.
Outra questão é que esse foi o único roubo dessa magnitude na época. É possível que essas moedas estejam ligadas a um confisco estatal, como ocorreu com James Zhong, que roubou 50 mil bitcoins da Silk Road e os manteve guardados por uma década antes de ser preso. Mas, considerando que a Galaxy diz se tratar de um investidor individual vendendo suas moedas, essa hipótese parece menos provável.
Postagens em fórum também sugerem ligação com a MyBitcoin
Uma publicação no Bitcointalk de 2013 levanta mais suspeitas sobre a relação desses bitcoins com a MyBitcoin. Um usuário comentou que havia enviado bitcoins para um amigo, que esqueceu o endereço. Ele mencionou que as moedas estavam paradas em um endereço que poderia estar ligado à MyBitcoin.
Esse endereço é um dos oito utilizados para movimentar os 80 mil bitcoins. Mesmo mencionando “mywallet”, pode ser que ele estivesse se referindo à MyBitcoin. O usuário ainda relatou que as moedas foram rapidamente transferidas, indicando que provavelmente estavam em uma carteira custodiada.
Comunidade questiona possíveis golpes
A opinião da comunidade é bastante crítica. Muitos acreditam que a MyBitcoin pode não ter sido simplesmente hackeada, mas que os clientes foram vítimas de um “exit scam”, onde os desenvolvedores roubaram as moedas. Tom Williams, que é o principal suspeito, controla a MyBitcoin e seu nome foi citado por Ki Young Ju em suas redes sociais.
Em 2011, Williams escreveu: “Descobrimos que uma grande quantidade de bitcoins desapareceu.” O que se seguiu foi o anúncio de que iriam proceder com a liquidação das contas.
O Livecoins fez análises em endereços de vítimas da MyBitcoin, mas não encontrou ligações diretas, ao contrário do que Ju apontou. Além disso, o roubo aconteceu pouco depois da concentração dos 80 mil bitcoins nas carteiras mencionadas.
A movimentação de R$ 50 bilhões após tantos anos não pode passar despercebida. Se a Galaxy tem a identidade do vendedor, será mais fácil localizar se essa história se desenrolar como um golpe.