Corretora brasileira de bitcoin perde 90% do volume após erro interno
Um volume “fantasma” na corretora BrasilBitcoin causou um verdadeiro alvoroço entre os investidores brasileiros nesta segunda-feira (11). Com um número surpreendente de R$ 453.645.421,07 em transações, o volume operado se aproximou do que a gigante global Binance registrou nas últimas 24 horas.
Esse salto de 127% em um único dia deixou muita gente intrigada. O CEO da BrasilBitcoin, Jorge Alves, explicou que esse valor inflacionado ocorreu devido a um erro em sua API de dados, que contabilizou transações feitas entre contas da própria corretora. Alves afirmou: “Foram algumas transações executadas entre nós mesmos que foram contabilizadas erroneamente na API.”
Momentaneamente, isso fez com que a BrasilBitcoin parecesse a segunda maior corretora em liquidez do Brasil, quase empatando com a Binance, que tinha um volume de R$ 479.564.439,75. Por conta desse episódio, muitos investidores rapidamente notaram a anomalia em meio a uma expectativa crescente no mercado.
Quais os riscos para investidores quando uma corretora não apresenta os dados corretamente?
A questão do volume falso de negociações traz à tona riscos sérios para quem investe em bitcoin e outras criptomoedas. O mais preocupante aqui é a prática de “wash trading”, que ocorre quando uma corretora faz compras e vendas de um mesmo ativo para inflar artificialmente seu volume de operações. Isso é uma estratégia para melhorar a posição em rankings e mostrar uma liquidez que, na realidade, não existe.
Embora o CEO tenha atribuído o fenômeno a um erro, a percepção de confiança dos investidores pode sofrer um grande abalo. Em um mercado que está caminhando para uma regulamentação maior, a transparência e a precisão dos dados são fundamentais. Para qualquer investidor, entender o volume real de negociações é essencial para avaliar o verdadeiro interesse do mercado e a saúde financeira da corretora.
Atualmente, a BrasilBitcoin conta com 42 pares de negociações monitorados por plataformas de análise. Isso torna ainda mais importante que a corretora mantenha a integridade dos dados.
Volume de Bitcoin e Ethereum supera USDT durante o erro
Enquanto a anomalia afetava os dados da BrasilBitcoin, um detalhe curioso foi notado: o volume dos pares BTC/BRL e ETH/BRL superou o de USDT/BRL nesse período. Essa situação não é comum e atraiu a atenção, pois normalmente o USDT é a criptomoeda mais negociada.
Contudo, assim que o erro foi corrigido, os dados voltaram a normalizar, com a Binance recuperando seu espaço acima de 50% do volume total. O USDT passou a ser novamente a criptomoeda mais negociada entre as corretoras brasileiras, superando o bitcoin e o ethereum. Após a correção, o volume informado pela BrasilBitcoin caiu para apenas R$ 23 milhões, o que representa uma diminuição de praticamente 90%.
Cliente relatou bloqueio de conta após operar durante erro de API
Em meio a toda essa confusão, um cliente de Barra Mansa, no Rio de Janeiro, entrou em contato com o suporte da BrasilBitcoin. Ele alegou que todas as suas ordens criadas pela API foram canceladas e sua conta bloqueada. Segundo ele, essa situação pode ter ocorrido em razão de um lucro que obteve, possivelmente fruto de um erro na plataforma.
O cliente desabafou: “Uso a BrasilBitcoin há mais de 5 anos, e hoje bloquearam meu painel. Tive um lucro com algum erro de bot e simplesmente bloquearam minha conta.” Até o momento, a corretora não deu retorno sobre a situação fatídica.
Esse episódio é lembrado como algo semelhante ao que aconteceu com a corretora Bitcoin2You, onde um cliente venceu uma disputa judicial após a reversão de suas transações devido a um erro interno.
As movimentações do mercado de criptomoedas continuam a ser um tema de alta importância e atenção, e episódios como esse nos lembram da necessidade de um olhar crítico e atencioso nas operações.