CryptoQuant prevê queda do BTC para US$ 100 mil
Embora o mercado de criptomoedas esteja em clima de expectativa com a possibilidade de uma alta após a redução da taxa de juros pelo FED, alguns analistas estão projetando uma queda para o valor do Bitcoin (BTC) no médio prazo. Um relatório recente da CryptoQuant destaca que o ritmo de compras corporativas de Bitcoin começou a desacelerar, criando incertezas quanto à possibilidade de alcançar a marca de US$ 100 mil, especialmente em um ano que teve um influxo significativo de capital institucional.
Desde 2020, muitas empresas listadas na bolsa têm adotado o Bitcoin como uma reserva estratégica. A MicroStrategy, agora chamada de Strategy, foi uma das pioneiras nesse movimento, incentivando diversas corporações a seguir o mesmo caminho. No entanto, em 2025, esse crescimento consistente parece estar perdendo força.
Um crescimento impressionante, mas agora em pausa
No começo deste ano, o cenário era animador. Janeiro viu quatro novas empresas começando a acumular Bitcoin, seguido por três em fevereiro e um salto para dez em março. Abril trouxe mais três, enquanto em maio foram quinze novas tesourarias. Julho registrou um recorde de vinte e uma. Mas em agosto, essa tendência reverteu drasticamente, com apenas quinze novas tesourarias, e, até agora, setembro trouxe apenas uma.
Esse fenômeno é intrigante, já que em 2025, 89 empresas têm reservas em Bitcoin, representando um crescimento impressionante de 1.390% em comparação a 2020, quando apenas seis companhias se juntaram ao movimento. Contudo, a desaceleração atual levanta questões sobre a continuidade desse avanço.
Atualmente, as empresas listadas em bolsa acumulam um total de 1.010.738 BTC, com a maior parte concentrada na Strategy, que possui 638.460 BTC, equivalendo a 66% do total. Outras empresas relevantes incluem a Marathon Digital Holdings, com 52.477 BTC, e a Metaplanet, com 20.136 BTC.
O impacto no mercado e nas ações
Essa desaceleração já está refletindo no mercado de ações. A Capital B, que gerencia 2.249 BTC, viu suas ações crescerem 1.820% em um pico, mas agora estão com uma alta mais moderada de 443%. Já a Metaplanet, que seguiu a estratégia da Strategy, teve uma queda na valorização de 355% para 55%.
Apesar disso, o fluxo de capital para a compra de Bitcoin não cessou completamente. A Strategy investiu cerca de US$ 19,3 bilhões em BTC este ano, enquanto a Metaplanet aplicou US$ 1,92 bilhão. A CryptoQuant observa que, enquanto o capital continuar fluindo, o suporte de preços permanecerá, mas a diminuição no ritmo de compras pode impactar as cotações a curto e médio prazo.
Essa visão contrasta com a de alguns analistas, como Ed Juline, que acredita que a expansão vai continuar. Ele projeta que até o final de 2025, cerca de 700 empresas listadas terão Bitcoin em seus balanços. Mesmo que muitos considerem exagerada a previsão do CEO da Strategy, Phong Le, sobre a adesão em massa de companhias ao BTC, os números apontam para um futuro potencial promissor.
Otimismo versus cautela
Juline aponta que, apesar de ajustes temporários, o fluxo não deve parar. Ele sugere que 2026 pode trazer um recuo natural, com algumas empresas talvez não conseguindo manter suas posições, mas acredita que o crescimento será retomado com a virada da década. Além disso, menciona que os ETFs de Bitcoin podem ter um papel crucial na atração de fluxos institucionais, independentemente de restrições, como as impostas pela China.
Por outro lado, investidores mais cautelosos, como Guillermo Fernandes, enxergam essas tesourarias como mais uma jogada de mercado do que uma estratégia de longo prazo. Fernandes acredita que várias empresas adotam o BTC para aumentar suas avaliações momentaneamente, sem garantir sustentabilidade no médio prazo. Ele alerta que, neste trimestre, o ritmo de novas adesões pode diminuir, com o foco de muitas empresas voltando-se para o fechamento do ano fiscal.
As novas regulamentações nos EUA também podem alterar rapidamente esse cenário. Fernandes menciona o Clarity Act, que busca oferecer segurança jurídica ao mercado de criptomoedas, como um fator decisivo para a inclusão de novas empresas no espaço. Assim, ele prevê que, assim que essas leis forem aprovadas, veremos companhias com grande capacidade financeira adotando Bitcoin em suas tesourarias.