O futuro da tecnologia blockchain no Brasil promete ser muito mais amplo do que apenas o mercado de criptomoedas. Recentemente, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) decidiu incluir uma nova função no seu rol de profissões emergentes: “Arquiteto de Soluções Blockchain para Cadeia de Suprimentos”.
Um estudo do Observatório Nacional da Indústria (ONI) revelou que, nos próximos dez anos, 16 ocupações e 34 tendências tecnológicas devem transformar a cara do mercado de trabalho no país. De acordo com esse levantamento, a demanda por especialistas em blockchain é uma realidade, com a expectativa de que pelo menos 5% das empresas busquem por esses profissionais no setor nos próximos cinco anos.
Esse avanço não se limita às criptomoedas, mas destaca outras aplicações dessa tecnologia, tornando-a fundamental para a otimização da gestão industrial. As cadeias de suprimentos tradicionais enfrentam muitos desafios, como falta de transparência, processos falhos e dificuldades para comprovar a autenticidade dos produtos.
Uma das grandes vantagens da tecnologia blockchain é a rastreadibilidade. Ela permite que um produto seja acompanhado desde a origem da matéria-prima até o consumidor final, diminuindo as chances de fraudes. Uma vez que algo é registrado na blockchain, essa informação não pode ser alterada, trazendo segurança e confiança.
Para produtos valiosos, como medicamentos, bens de luxo ou alimentos de origem certificada, a tecnologia oferece um nível de transparência e segurança que os sistemas comuns não conseguem proporcionar.
Qualidades dos profissionais do futuro
A blockchain faz parte de um leque maior de inovações que a CNI considera essenciais para a transformação digital das indústrias. Outras tecnologias, como inteligência artificial, Internet Industrial das Coisas (IIoT) e realidade aumentada, também estão nesse cenário.
O estudo aponta que as profissões de nível superior com maior demanda nos próximos anos incluem gerente de inovação aberta (27% das empresas), gestor de sustentabilidade e economia circular (20%), especialista em gêmeos digitais (15%) e especialista em governança algorítmica (12%).
Para as profissões técnicas, algumas das mais procuradas serão técnico em micro-redes e energias renováveis (30%), técnico em cibersegurança industrial (25%), técnico em impressão 3D (25%) e técnico em manutenção preditiva (15%).
As habilidades necessárias para os profissionais do futuro incluem interdisciplinaridade, capacidade analítica e criatividade. Márcio Guerra, superintendente do ONI, destaca que as funções operacionais estão cada vez mais sendo substituídas por ferramentas digitais.
Ele afirma que “os trabalhadores precisarão se adaptar constantemente, aperfeiçoando habilidades como fluência digital, análise de dados e resolução de problemas complexos.” Além disso, Guerra enfatiza que o foco não deve ser apenas operar máquinas, mas entender os sistemas e a análise dos dados que elas geram, exigindo uma formação sólida e sempre atualizada.
Oportunidades no mercado de criptomoedas
A CNI reconhecendo a importância dos especialistas em blockchain é um passo significativo para consolidar essa tecnologia no Brasil. Para os investidores e entusiastas do mercado cripto, isso indica uma nova fase de maturidade.
Ao concentrar-se em aplicações práticas, a indústria mostra compromisso com a adoção real da tecnologia. Isso abre um leque de oportunidades de investimento, já que a demanda por soluções blockchain no setor corporativo deve crescer.
Projetos focados em aplicações empresariais, interoperabilidade e tokenização de ativos reais podem se beneficiar diretamente dessa nova tendência. O estudo da CNI deixa claro que o futuro da inovação industrial irá se basear nos mesmos princípios de segurança e descentralização que são fundamentais para o mercado de criptomoedas.
Recentemente, a tecnologia blockchain também foi adotada pelo governo brasileiro para garantir a validação digital de carteiras de identidade, mostrando que seu uso está se expandindo para diversas áreas além do setor privado.
