Asaas destaca oportunidades da tokenização no setor financeiro
Recentemente, a fintech brasileira Asaas atraiu a atenção de fundos de capital de risco, prometendo um retorno significativo para quem investiu na sua oferta de tokens de Renda Variável Digital através da “bolsa de startups” do Mercado Bitcoin. Essa iniciativa permitiu que investidores individuais entrassem na jogada na mesma época em que grandes nomes, como o SoftBank, decidiram colocar seu dinheiro na empresa.
A Asaas, que já recebeu uns R$ 820 milhões em uma rodada de financiamento — a maior captação de capital de uma empresa brasileira em 2024 — também contou com um aporte de R$ 35 milhões da Vivo Ventures, o braço de venture capital da Telefônica, em 2025. O CEO do Mercado Bitcoin, Reinaldo Rabelo, comentou que esses investimentos elevaram a avaliação da fintech para entre R$ 3 bilhões e R$ 5 bilhões. Embora os números exatos não sejam públicos, isso demonstra um crescimento impressionante.
A experiência da Asaas ilustra como a tokenização pode revolucionar o mercado de capitais. Através da tecnologia blockchain, o projeto do MB Startups consegue transformar participações em empresas promissoras — um espaço que, tradicionalmente, era reservado apenas para grandes investidores — em ativos digitais acessíveis a um público mais amplo. Lívia Calandra, líder do MB Startups, destaca que essa inovação facilita a entrada de pequenos investidores, permitindo que eles começem com apenas R$ 100, tudo em poucos cliques.
Além disso, a oferta de tokens Renda Variável Digital deu aos investidores a liquidez que muitos precisavam, permitindo a venda de suas participações e a realização de lucros parciais durante a rodada de financiamento. A plataforma não criou transtornos para a Asaas, ao mesmo tempo em que ofereceu novas oportunidades de investimento para os clientes do Mercado Bitcoin.
Lívia enfatiza que a plataforma é uma alternativa interessante às tradicionais rodadas de venture capital. Ela possibilita um processo de captação de forma estruturada, transparente e diversificada, sem depender exclusivamente de investidores grandes ou de fundos de investimento.
Asaas: Soluções para Pequenas e Médias Empresas
Criada em 2010, a Asaas tem se dedicado a oferecer soluções financeiras que facilitam a vida de pequenas e médias empresas (PMEs) no Brasil. Desde 2021, a fintech conta com autorizações do Banco Central para operar como Instituição de Pagamento e Sociedade de Crédito Direto.
Num cenário onde a taxa de sobrevivência das PMEs brasileiras gira em torno de 56% nos primeiros 12 a 36 meses, os clientes da Asaas alcançam uma taxa de sucesso de 78%. Diego Contezini, fundador e CEO da Asaas, acredita que essa diferença se deve às ferramentas de gestão financeiras que a empresa fornece, tornando os processos de cobrança mais automáticos. Se antes, as empresas gastavam cerca de 18 dias mensais gerenciando seus fluxos de caixa, com a ajuda da Asaas esse tempo desceu para apenas cinco minutos por dia.
No decorrer de 15 anos, a fintech se consolidou como uma das maiores plataformas do setor financeiro brasileiro, com mais de 220 mil clientes ativos e uma receita recorrente anual de R$ 500 milhões. Em 2024, a Asaas movimentou R$ 43,5 bilhões e alcançou uma receita bruta de R$ 339,5 milhões.
Avanços Necessários no Setor
Apesar do boom da Asaas e outras ofertas surgindo através do MB Startups, a regulamentação do mercado de renda variável digital ainda representa um desafio para o crescimento do setor. Para Rabelo, a legislação atual não está alinhada com as necessidades do mercado de Renda Variável Digital.
Atualmente, a lei brasileira não permite a negociação de tokens atrelados a ativos mobiliários em mercados secundários. Isso limita a atração de novos investidores e impede que o mercado alcance seu verdadeiro potencial. Lívia complementa dizendo que essa situação gera um ambiente ilíquido onde os investimentos só podem ser resgatados em eventos maiores, como uma venda da empresa ou um IPO, diferentes da dinamicidade da bolsa de valores.
Ela defende que a regulamentação de um mercado secundário, com ofertas e preços definidos, é crucial para que o setor se desenvolva de forma saudável. Mesmo diante desses obstáculos, a previsão é que o MB Startups movimentará R$ 1 bilhão em 2025, com um compromisso de investir pelo menos R$ 100 milhões em novas startups.
Esse cenário não apenas aponta para o crescimento da fintech, mas também reflete uma tendência crescente no mercado de tokenização de ativos, com empresas como a AmFi apresentando um crescimento de 60% ao mês nas ofertas de crédito privado digital.