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MPRJ estabelece núcleo para enfrentar crimes cibernéticos com criptomoedas

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) lançou uma nova unidade chamada Núcleo de Combate aos Crimes Cibernéticos, conhecido como CyberGAECO. Essa iniciativa, estabelecida pela Resolução GPGJ nº 2.740, tem como objetivo especializar as investigações e o combate a crimes virtuais. O foco do núcleo será em fraudes, lavagem de dinheiro e exploração sexual infantil, prestando especial atenção a operações que envolvem criptomoedas e a dark web.

O CyberGAECO se torna uma unidade vinculada ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ). A ideia é integrar inteligência, investigações, ações judiciais e cooperação nacional e internacional para desarticular redes criminosas que atuam no ambiente digital. Segundo o procurador-geral de Justiça, Antonio José Campos Moreira, o núcleo vai contar com capacitação técnica avançada e recursos tecnológicos de ponta para enfrentar essas criminalidades contemporâneas.

Crimes cibernéticos com criptomoedas

A coordenadora do GAECO, Letícia Emile Alqueres Petriz, mencionou que o núcleo contará com um laboratório próprio de análise forense digital. Esse espaço será essencial para processar evidências eletrônicas e rastrear transações em blockchain, o que é crucial para investigar golpes financeiros envolvendo criptomoedas. Muitas vezes, esses crimes desafiam os métodos tradicionais de investigação.

A criação do CyberGAECO acontece em um momento em que os crimes cibernéticos estão crescendo vertiginosamente em nível global. O total de criptoativos roubados já ultrapassou o que foi perdido em todo o ano de 2024, alcançando a marca de US$ 2,17 bilhões apenas no primeiro semestre. A projeção é de que esse total chegue a US$ 4 bilhões até o fim de 2025, um indicativo de que este será um ano recorde em perdas financeiras nesse tipo de crime.

No Brasil, a América Latina se destacou como a quinta região com maior aumento no número de vítimas, registrando um crescimento de quase 350% nos casos de ataques envolvendo criptoativos na primeira metade de 2025, em comparação ao mesmo período do ano anterior.

O MPRJ já tem experiência em investigar crimes digitais e, recentemente, firmou um acordo com o MP de Santa Catarina e a empresa Chainalysis, especializada em rastreamento de blockchain. A companhia fornecerá ferramentas como o Reactor para monitorar transações suspeitas.

Para o promotor Marcos Davidovich, subcoordenador do núcleo, essa iniciativa é uma resposta necessária à migração do crime organizado para o espaço virtual, onde as operações ilícitas têm se mostrado mais lucrativas e menos arriscadas. Ele ressalta que “a repressão exige especialização, domínio técnico e ferramentas adequadas”.

A criação do CyberGAECO reforça o compromisso do MPRJ em modernizar suas investigações e proteger vítimas, em um cenário em que especialistas consideram a criminalidade digital uma “epidemia silenciosa” no Brasil.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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