China solicita corretoras a suspender tokenização de ativos em Hong Kong
O cenário de ativos digitais em Hong Kong está recebendo novas diretrizes da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC). Recentemente, o órgão orientou algumas corretoras a interromper as operações de tokenização de ativos do mundo real na cidade. Isso acontece em meio ao esforço da China para manter uma abordagem cautelosa enquanto Hong Kong avança nesse universo das criptomoedas.
Essas instruções informais foram dadas a pelo menos duas corretoras importantes, com o objetivo de limitar as atividades offshore relacionadas a esses ativos tokenizados. Várias empresas chinesas, incluindo subsidiárias de corretoras, já tinham se aventurado lançando produtos na cidade, o que agora levanta questões sobre o futuro desses projetos.
O que é a tokenização de ativos do mundo real?
A tokenização de ativos do mundo real é o processo de transformar ativos como imóveis, ações e títulos em tokens digitais utilizando a tecnologia blockchain. Esse movimento tem ganhado força em Hong Kong, especialmente após a Comissão de Valores Mobiliários e Futuros da cidade apresentar um plano ambicioso para se tornar um centro global de ativos virtuais.
O recente lançamento de regras sobre stablecoins, em agosto, demonstrou o interesse crescente no setor, atraindo cerca de 77 empresas que já fizeram solicitações para participar do novo regime. Além disso, autoridades de Xangai estão estudando melhor o uso de stablecoins e infraestrutura blockchain, sinalizando que a China vai devagar, preferindo experimentar antes de adotar uma liberalização total.
Apesar dos avanços em Hong Kong, o governo chinês continua mantendo restrições rigorosas desde a proibição do comércio e da mineração de criptomoedas em 2021.
Uma abordagem cautelosa
A movimentação da CSRC é vista como um gesto de cautela por especialistas. Jakob Kronbichler, CEO da Clearpool, afirma que isso indica que os reguladores estão sendo cuidadosos em relação à interação dos ativos tokenizados com os mercados de capitais, principalmente os transfronteiriços. Ele destaca que as finanças tradicionais já estão migrando para a blockchain, favorecendo novas formas de crédito e pagamentos.
Giorgia Pellizzari, da Hex Trust, também comenta que a orientação da China reflete mais uma preocupação do que uma resistência à tokenização. Ela menciona que os reguladores estão atentos a como esses produtos se conectam aos mercados de capitais, especialmente em transações internacionais.
No que diz respeito às empresas, as preocupações incluem potenciais atrasos no lançamento de novos produtos e complicações adicionais devido à regulamentação. Essas incertezas podem afetar os fluxos de capital entre Hong Kong e o continente.
No entanto, Kronbichler garante que a demanda por crédito tokenizado e financiamento permanece alta. Para ele, essa pausa na regulamentação é mais uma questão de ajuste de políticas do que uma mudança drástica no rumo. Hong Kong ainda oferece um ambiente favorável para o crescimento de instituições interessadas em inovação no mercado financeiro.





