A Nouns DAO, uma organização autônoma descentralizada, fez uma escolha bacana ao aprovar a proposta 685. Ela vai liderar o projeto Recicla Visão, que está chegando ao Rio de Janeiro. A ideia é dar suporte a crianças com deficiência visual, enquanto também se fala sobre reciclagem e sustentabilidade.
Esse projeto é uma parceria de vários grupos, como Precious Noggles, Social Visão do Bem, Casa Plástica e Berro Inc. Juntos, eles oferecem exames oftalmológicos e distribuem óculos de grau feitos com plástico reciclado para crianças de 8 a 14 anos que estão em situação de vulnerabilidade.
Um dado preocupante do Conselho Brasileiro de Oftalmologia é que cerca de 19% das crianças entre 6 meses e 15 anos possuem alguma deficiência visual, e 80% delas nunca passaram por um exame oftalmológico. Isso mostra a importância desse projeto, que busca melhorar a vida de milhas de crianças.
Segundo Mari Salles, fundadora da Precious Noggles, a proposta é unir tecnologia, sustentabilidade e inclusão social. Com o apoio da comunidade Nouns, estão transformando plástico reciclado em algo que realmente ajuda na saúde e aprendizado das crianças.
Um modelo Web3 para o mundo real
O projeto segue os princípios da Web3, permitindo que o design dos óculos — tanto de grau quanto de sol — seja usado por qualquer pessoa. Eles estão disponibilizando os modelos sob uma licença aberta, o que significa que qualquer um pode pegar, adaptar e distribuir, sempre mantendo os créditos. A ideia é espalhar a boa iniciativa de forma descentralizada.
O objetivo inicial é atender 3.000 crianças, distribuindo 1.000 óculos. A meta é aumentar para 15.000 crianças por ano em todo Brasil, usando uma clínica móvel que pode funcionar em várias localidades.
Operação: da reciclagem à saúde visual
Essa clínica móvel não é apenas um consultório. Ela realiza exames e também fabrica armações sob demanda, utilizando polipropileno reciclado de tampas de garrafas e potes de iogurte. O material é leve e flexível. As crianças têm a liberdade de escolher a cor de suas armações, que são entregues em embalagens feitas de tecido reciclado, acompanhadas de lenços para limpar as lentes.
A Social Visão do Bem cuida da parte clínica, desde os exames até a montagem das armações. Por sua vez, a Casa Plástica fica responsável pela reciclagem e pelas oficinas educativas. Eles têm como meta reciclar 700 kg de plástico por ano. A Berro Inc. está registrando tudo em um minidocumentário, que vai ser lançado em dezembro.
Ana Santos, CEO da Social Visão do Bem, comenta que essa clínica móvel consegue alcançar onde o problema é mais sério. Ao oferecer um exame e um par de óculos de armação reciclada, ela muda a perspectiva de vida das crianças. Para ela, isso é dignidade e oportunidade.
Pedro Lucas Pinho, da Casa Plástica, também destaca o brilho nos olhos das crianças ao perceberem que o que poderia ser lixo pode se transformar em armações. Eles não estão apenas reciclando plástico, mas formando uma geração mais consciente sobre o valor dos materiais.
As etapas do projeto são bem definidas: começaram a triagem visual em abril, atenderam cerca de 2.000 crianças; os exames estão acontecendo de agosto até outubro; a fabricação das armações começou em agosto; e as oficinas educativas, junto com a distribuição dos óculos, começaram em 19 de setembro e vão até o final de 2025.
Impacto social e ambiental
O Recicla Visão almeja atender diversos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Ele melhora a saúde visual das crianças em situação de vulnerabilidade, promovendo o ODS 3 — Saúde e Bem-Estar. Além disso, ao proporcionar melhores condições de aprendizado, está de acordo com o ODS 4 — Educação de Qualidade.
A iniciativa também procura reduzir desigualdades. Garante acesso à saúde visual a todos, alinhando-se aos ODS 5 e 10 — Igualdade de Gênero e Redução das Desigualdades. E ao incentivar a reciclagem e a produção local, promove o consumo responsável, ajudando cidades mais sustentáveis, de acordo com os ODS 11 e 12.
Entre as instituições beneficiadas, estão várias escolas e ONGs do Rio de Janeiro, como AMAC, Sociedade Plural e Escola de Música da Rocinha, entre outras.
Mari Salles conclui que o Recicla Visão vai muito além de simplesmente tratar a deficiência visual ou descartar plástico. Ele conecta os princípios da Web3 à sustentabilidade e inclusão social. É uma super oportunidade de transformar resíduos em empoderamento e aprendizado.
