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Perda de paridade de stablecoin e altcoins na Binance gera especulações

O último final de semana trouxe um verdadeiro terremoto para o mercado de criptomoedas. O que aconteceu? Uma queda brusca e sem precedentes nos preços de vários ativos, especialmente em uma das maiores corretoras do mundo, a Binance. A questão é que muitos desses ativos estavam com preços muito mais baixos na Binance do que em outros lugares. Isso gerou suspeitas de manipulação em larga escala.

Paridade da USDe na Binance

Uma das protagonistas desta história é a stablecoin USDe, desenvolvida pelo projeto Ethena Labs, que é a terceira maior stablecoin do mercado. Na Binance, seu valor despencou para US$ 0,65, enquanto em plataformas como a Curve, a flutuação se manteve mais normal, não ultrapassando US$ 0,995. Essa discrepância levantou bandeiras vermelhas.

Guy Young, fundador da Ethena, afirmou que, nas demais corretoras, US$ 2 bilhões em USDe puderam ser redimidos sem problemas, ao contrário da situação na Binance. Segundo ele, a Binance utiliza um sistema próprio para definir as cotações, que pode estar falhando. O problema é que esse sistema depende do livro de ordens interno, sem considerar os principais pools de liquidez do mercado. Durante a crise, a Binance enfrentou problemas de depósito e retirada, complicando ainda mais a situação.

Ataque coordenado na Binance?

A ideia de que houve um ataque coordenado começou a ganhar força, com traders como Elon Trades apontando que a manipulação se aproveitou de falhas na Conta Unificada da Binance. Essa conta permitia que usuários utilizassem ativos como USDe, wBETH e BNSOL como garantias. No entanto, ao invés de basear a avaliação desses ativos em oráculos, a Binance fez isso mediante seu próprio mercado à vista, o que é considerado um risco sério.

Young ressaltou que a Binance já havia reconhecido esses problemas e anunciou uma atualização para usar preços de oráculos, mas essa mudança viria com um atraso de oito dias, expondo o sistema a possíveis manipulações.

Trades acredita que traders sofisticados despejaram de US$ 60 a US$ 90 milhões em USDe na Binance, fazendo o valor cair para US$ 0,65. Isso resultou em liquidações forçadas estimadas entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão. E a situação se agravou mais ainda com a notícia de tarifa de 100% de Trump para a China, que gerou pânico no mercado.

Altcoins foram à zero somente na Binance

Mas o problema não se limitou à stablecoin da Ethena. Várias altcoins, como Cosmos, IoTeX e Enjin, sofreram quedas muito mais drásticas na Binance do que em outras exchanges. O impacto foi tanto que, enquanto caíram a zero na Binance, em outras corretoras as perdas foram na casa de 46% a 64%.

A perda de paridade da USDe afetou diretamente as garantias para aqueles que a utilizavam na Conta Unificada, ocasionando uma segunda onda de liquidações. Arthur Hayes, ex-CEO da BitMEX, comentou que a maneira como as liquidações ocorreram foi um fator que eliminaram muitos compradores que tentavam aproveitar preços baixos.

Suspeitas sobre a Binance

Além das questões técnicas, surgem dúvidas sobre a ação da Binance durante toda essa turbulência. Gean Pierre da Matta trouxe à tona um ponto delicado: as exchanges trabalham com market makers que oferecem liquidez, e a Binance, por exemplo, colabora com a Wintermute, uma firma que já foi acusada de manipulações anteriores.

Matta levantou questões sobre a coincidência do desligamento desses bots de liquidez no momento mais crítico da queda, o que deixou muitas altcoins vulneráveis. Ele também ponderou sobre a falta de ação da Binance em relação ao suporte que poderia ter recebido para absorver a pressão vendedora e melhorar a liquidez.

Binance se explica e anuncia mudanças

Na esteira de tudo isso, a Binance já começou a se justificar. A corretora revelou que indenizou seus usuários em US$ 283 milhões devido a perdas com três ativos que perderam a paridade. Yi He, cofundadora e diretora de atendimento ao cliente, pediu desculpas em uma postagem nas redes sociais.

A Binance se comprometeu a implementar mudanças para evitar futuras desvalorizações, como adicionar preços de resgate às suas ponderações. A empresa também explicou os movimentos extremos que afetaram outros tokens, atribuindo as oscilações a ordens de venda que se executaram sem contrapartida suficiente no mercado.

Esse episódio revelou fragilidades no sistema da Binance, além de levantar um debate sobre a forma como as exchanges lidam com situações de crise no mercado de criptomoedas.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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