As ações das empresas que lidam com Tesourarias de Ativos Digitais (DAT) estão passando por um verdadeiro teste de fogo, com algumas delas apresentando quedas de até 50% em comparação aos picos alcançados em 2025. Agora, essas ações estão sendo negociadas próximas ao valor real de suas reservas de criptomoedas.
Essa drástica liquidação levanta uma dúvida interessante para os investidores: será que estamos vendo um colapso justificado ou uma reação exagerada que pode se transformar em uma oportunidade?
Os dados oferecem uma visão clara do cenário. Apesar do Bitcoin ter recuado cerca de 20% desde sua máxima histórica de 2025, as ações das DATs desabaram ainda mais rápido. Por exemplo, as ações da Strategy caíram 50% desde julho, enquanto as da Metaplanet e SharpLink encolheram quase 80% e 90%, respectivamente. Como consequência, suas avaliações de mercado ficaram muito comprimidas, com o valor de mercado em relação ao valor líquido dos ativos (mNAV) chegando perto de 1 ou até abaixo.
O que significa a queda do mNAV abaixo de 1?
Quando o mNAV se aproxima de 1 ou fica abaixo, as empresas enfrentam dificuldades para captar capital por meio da emissão de ações. Yaroslav Patsira, diretor da CEX.IO, explica que “quando as ações das DAT são negociadas abaixo do valor de suas reservas em cripto, isso significa que o mercado está descontando seu desempenho, não recompensando como antes pela acumulação de ativos digitais.” Embora não signifique que as empresas estejam condenadas, isso as coloca sob pressão, pois podem ser forçadas a vender ativos para cobrir custos.
Esse novo cenário ajuda a distinguir entre os diferentes tipos de DATs. Fakhul Miah, da Gomining Institutional, comenta que “para as empresas mais focadas no Bitcoin, o cenário parece uma condição de sobrevenda, e não uma ruptura.” Ele destaca que as tesourarias que mantêm um foco maior no Bitcoin estão se saindo melhor do que as que investem em vários ativos, muitas vezes em tokens mais arriscados.
As DATs estão mortas?
Analisando a situação a longo prazo, a história é um pouco mais complexa. Apesar da recente queda, algumas empresas como a Galaxy Digital ainda apresentam um desempenho acumulado positivo. No ano, a Galaxy Digital tem uma alta de 73,4%, enquanto a SharpLink está com 43,2%. Isso é bem superior ao crescimento modesto de 8,6% do Bitcoin, sugerindo que a queda recente pode ser apenas uma correção dentro de uma tendência ascendente mais ampla, e não o fim da linha.
As variações nos preços refletem o alto risco e a alta recompensa das ações das DATs, especialmente se considerarmos que elas servem como proxies voláteis para o mercado de criptoativos. Miah acredita que este ciclo será mais seletivo, com investidores preferindo empresas de Bitcoin que sejam disciplinadas e transparentes. As que diversificam em múltiplos ativos podem acabar ficando para trás, especialmente se o mercado voltar a favorecer o risco.
Da mesma forma, Patsira observa que quando o desempenho dos ativos digitais é fraco, as DATs tendem a sofrer quedas ainda mais acentuadas, algo esperado nesse cenário.
Empresas dependem do Bitcoin
Apesar das dificuldades, a recuperação das ações das DATs está intimamente ligada ao desempenho do Bitcoin. Miah aponta que “o retorno de dados econômicos dos EUA, especialmente após o fechamento do governo, é crucial”. A expectativa de uma inflação mais controlada e possíveis cortes de juros pelo Federal Reserve em dezembro poderiam aliviar as pressões sobre o mercado de cripto.
P:UITableViewTableViewDataSource2> “Se o Bitcoin recuperar sua tendência de alta, as DATs provavelmente acompanharão esse movimento”, afirma Patsira. Se sinais de cortes de juros começarem a aparecer, junto com dados mais positivos do mercado de trabalho e da inflação nos Estados Unidos, isso pode ser o impulso que as ações das empresas precisam.
