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Argentina investiga Javier Milei por escândalo da criptomoeda Libra

O Congresso da Argentina está em meio a uma situação conturbada, após a divulgação de um relatório que coloca o presidente, Javier Milei, no centro de um escândalo relacionado à criptomoeda LIBRA. Com mais de duzentas páginas, o documento traz à tona reuniões, decisões e publicações de Milei que, segundo os parlamentares, contribuíram para as perdas significativas de muitos investidores. Esse episódio marca mais um capítulo numa relação já tensa entre governo e oposição, especialmente em tempos de crise econômica.

A comissão que investiga o caso informa que a promoção da LIBRA não foi um evento casual. Na verdade, foi um movimento que visava contornar a supervisão do governo. O relatório aponta que Milei usou seu cargo para dar visibilidade ao projeto, especialmente por meio de uma postagem em rede social, que acabou sendo deletada, mas que ajudou a aquecer o mercado da criptomoeda. E essa subida rápida foi seguida por um colapso que deixou muitos no prejuízo.

Os números impressionam: mais de 114 mil carteiras de investidores sofreram perdas, sendo que algumas perderam valores superiores a R$ 600 mil. Um levantamento revelou que 498 carteiras ficaram com mais de US$ 100 mil negativos, enquanto 3.144 amargaram perdas entre US$ 10 mil e US$ 100 mil. Por outro lado, um punhado muito pequeno, apenas 36 endereços, conseguiu lucrar mais de US$ 1 milhão, o que levantou ainda mais suspeitas sobre manipulação no esquema.

Juan Marino, secretário da comissão, não hesitou em afirmar que “sem o tweet de Milei, a LIBRA não teria conquistado o volume que teve”. Segundo ele, a atitude do presidente foi crucial para que o projeto alcançasse tamanha escala, levando a um engano de investidores. Para a oposição, o que Milei fez é, no mínimo, uma irresponsabilidade grave em termos institucionais.

Escândalo da criptomoeda Libra

Milei, por sua vez, nega todas as acusações. Ele se defende dizendo que apenas compartilhou informações sobre o projeto, se autodenominando um “fanático tecno-otimista”, com a intenção de tornar a Argentina um polo de inovação tecnológica. Após o colapso da LIBRA, chegou a mencionar que apenas “levou um tapa” ao tentar ajudar um empreendedor local.

O relatório do Congresso também menciona encontros entre Milei e figuras chave do projeto, como o norte-americano Hayden Davis e o empresário de Singapura Peh Chyi Haur, conhecido no meio como Julian Peh. Essas reuniões teriam sido facilitadas por pessoas ligadas ao setor de criptomoedas e até por um ex-assessor da Comissão Nacional de Valores, a entidade responsável pela supervisão desse tipo de atividade. Informações de plataformas internacionais revelaram transferências financeiras entre os envolvidos, o que levanta ainda mais suspeitas de uma coordenação prévia.

Vale ressaltar que este não é o primeiro episódio envolvendo Milei em relação a criptomoedas. Em 2024, ele já havia mostrado apoio ao token KIP Protocol poucos dias antes de suas pools de liquidez serem drenadas, em uma repetição da situação da LIBRA.

Apesar da gravidade das acusações, o futuro desta investigação é incerto. Os parlamentares do partido de Milei já rejeitaram o relatório e afirmam que ele não possui apoio político suficiente. Embora o documento tenha sido enviado ao Judiciário, não há prazo definido para desdobramentos. Com novas eleições se aproximando, muitos especialistas acreditam que a pressão sobre o presidente pode diminuir.

Além disso, a comissão encontrou dificuldade em avançar nas investigações devido à ausência de Milei e sua irmã, Karina Milei, que é chefe de gabinete, em convocatórias. A falta de comparecimento foi interpretada pelos deputados como uma “falta total de cooperação”, dificultando ainda mais o andamento do caso.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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