A expectativa para o mercado de ETFs de criptomoedas está nas nuvens. Recentemente, analistas vieram a público para dizer que, em breve, mais de 100 novos ETFs devem desembarcar nos Estados Unidos. Os caminhos para isso se abriram, especialmente porque a SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) já recebeu mais de 150 solicitações para esses produtos, algumas das quais aguardam uma decisão final.
Um dos analistas que acompanha de perto esta situação é James Seyffart, da Bloomberg Intelligence. Ele foi um dos primeiros a prever a aprovação dos ETFs de Bitcoin em janeiro de 2024 e agora está de olho em um leque ainda maior de produtos. “Estou monitorando cerca de 150 propostas que foram enviadas à SEC”, ele explica, ressaltando que muitas delas têm estruturas que envolvem alavancagem. Isso indica que, mesmo que nem todos os ETFs façam sucesso, é inegável que a demanda por produtos relacionados a criptomoedas está crescendo.
Esse aumento na busca por ETFs também reflete um ambiente regulatório mais amigável, favorecido pela administração anterior dos EUA. Esse cenário oferece espaço para que as gestoras experimentem novas estratégias, buscando entender como o mercado reage. “Eles lançam várias opções e observam o que realmente funciona”, afirma Seyffart.
ETFs cripto: um setor em expansão
O entusiasmo pelo setor é palpável, mas Seyffart adianta que não será uma jornada fácil. Em um processo natural de seleção, não se pode esperar que todos os produtos prosperem. Em comparação com os ETFs tradicionais, que têm um número reduzido de grandes players, o mercado cripto ainda está engatinhando. Hoje, já temos ETFs associados a moedas como Litecoin, XRP e Dogecoin, mas a verdade é que ainda estamos em uma fase inicial de diversificação.
Empresas notáveis, como Franklin Templeton e Grayscale, já estão esperando pela aprovação de ETFs que envolvem XRP e Chainlink, o que mostra que há um crescente apetite por opções variadas. Além disso, propostas para moedas como Avalanche, Stellar e Cardano estão na fila, aumentando a competitividade entre as emissoras.
Lançamentos aceleram, mas atuais estão em queda
Essa onda de novas propostas chega em um momento complicado para alguns ETFs já existentes. O IBIT, da BlackRock, por exemplo, viu saídas acima de US$ 2,1 bilhões em novembro de 2025, um recorde negativo para o fundo. Isso coincide com a queda do Bitcoin, que passou de US$ 126 mil para US$ 80 mil, provocando uma onda de vendas.
O desempenho dos ETFs tem sido volátil, e mesmo que eles tenham acumulado mais de US$ 20 bilhões em entradas desde 2024, a confiança dos investidores agora é um tanto cautelosa. A Strategy, de Michael Saylor, optou por não comprar mais BTC durante a turbulência nos preços, levantando dúvidas sobre o interesse institucional no curto prazo.
Enquanto isso, outros produtos estão tentando se destacar. O primeiro ETF de Dogecoin movimentou US$ 1,4 milhão em seu dia de estreia, mas isso não impactou o preço da moeda, que ficou estagnada perto de US$ 0,146. O analista Eric Balchunas comentou que o volume foi sólido, mas ainda abaixo do que se esperava de um lançamento inédito.
Decisões regulatórias moldam os novos lançamentos
Recentemente, a VanEck chamou atenção ao remover o staking de seu ETF proposto para BNB, uma decisão tomada por conta do risco de a SEC considerar o token como um valor mobiliário. Sem essa funcionalidade, o ETF pode ter menos apelo em comparação com concorrentes que oferecem benefícios extras.
Entretanto, os especialistas acreditam que a onda de novos pedidos não mostrará sinais de recuo. A tendência é que a maioria dos lançamentos continue nos próximos trimestres, ampliando a presença institucional nesse mercado. “Não me surpreenderia se muitos desses ETFs desaparecessem em cerca de um ano”, comenta Seyffart, enfatizando como o mercado de criptomoedas está em constante evolução e seleção.
