Corretora de bitcoin nos EUA aceita culpa e pagará multa
A Paxful Holdings Inc. aceitou se declarar culpada em um processo federal nos Estados Unidos, relacionado a violações por lavagem de dinheiro e transações financeiras irregulares com criptomoedas. Com essa decisão, publicada no dia 9 de dezembro, mais uma corretora enfrenta sérios problemas jurídicos.
A plataforma concordou em pagar uma multa criminal de US$ 4 milhões. Inicialmente, o valor estipulado pelas autoridades era bem maior, mas a empresa admitiu não ter condições financeiras para arcar com essa quantia.
O Departamento de Justiça dos EUA revelou que a Paxful facilitou, intencionalmente, o fluxo de fundos para golpistas e extorsionários utilizando sua estrutura de criptomoedas peer-to-peer. O procurador assistente, Matthew R. Galeotti, comentou que a corretora atraiu criminosos ao não implementar controles adequados de prevenção à lavagem de dinheiro e ao optar por não verificar a identidade de seus clientes.
Lavagem de dinheiro e transações suspeitas
Documentos do tribunal mostraram que a Paxful transferiu bitcoin para clientes associados a plataformas de publicidade de prostituição ilegal, como o Backpage. Entre dezembro de 2015 e dezembro de 2022, cerca de US$ 17 milhões em bitcoin foram movimentados por meio da corretora para esses sites.
Os fundadores da empresa mencionavam o “Efeito Backpage” como um dos fatores que impulsionaram o aumento do volume de negócios durante esse período. Dessa forma, a Paxful gerou pelo menos US$ 2,7 milhões em lucros diretos dessas transações.
Além disso, a plataforma permitiu que usuários trocassem moeda virtual por cartões-presente e outros itens, sem exigir a identificação pessoal, prática conhecida como KYC (Know Your Customer). A gestão da empresa apresentou falsamente políticas de prevenção à lavagem de dinheiro, que, na realidade, não eram aplicadas.
A agente especial Linda Nguyen destacou que a Paxful lucrou com atividades ilícitas, contribuindo para crimes que geraram sérias consequências sociais. Durante anos, a investigação apontou que a corretora falhou em reportar atividades suspeitas de seus usuários para as autoridades.
Acordo judicial e consequências futuras
O acordo de culpa da Paxful envolve a confissão de participar de uma conspiração para violar o Travel Act e de operar um negócio de transmissão de dinheiro sem a licença federal adequada. O Departamento de Justiça inicialmente calculou uma penalidade de US$ 112,5 milhões pelo que foi considerado grave.
No entanto, uma análise financeira indicou que a Paxful não tinha como pagar mais do que US$ 4 milhões no fechamento do caso. O tribunal agendou a audiência de sentença final para o dia 10 de fevereiro de 2026.
É importante mencionar que Artur Schaback, cofundador e ex-diretor de tecnologia da Paxful, também se declarou culpado em julho de 2024, confessando sua responsabilidade na falta de programas de compliance adequados.





