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Do Kwon pode ser julgado na Coreia do Sul, mesmo condenado nos EUA

Os problemas legais de Do Kwon, o fundador da falida Terraform Labs, ainda estão longe de uma resolução definitiva. Promotores da Coreia do Sul informaram que ele pode enfrentar um novo julgamento criminal no país, o que poderia resultar em uma pena que ultrapassa décadas atrás das grades.

Recentemente, Kwon recebeu uma sentença de 15 anos de prisão nos Estados Unidos, por sua participação no colapso da stablecoin TerraUSD e da criptomoeda LUNA, que juntos causaram prejuízos de cerca de US$ 40 bilhões em 2022. Contudo, mesmo com essa condenação, ele ainda poderá ser julgado na sua terra natal. Após cumprir metade de sua pena nos EUA, Kwon pode solicitar a ida para o Programa Internacional de Transferência de Prisioneiros, já que os promotores americanos concordaram em não se opor ao seu pedido.

Caso seja extraditado de volta para a Coreia do Sul, ele responderá por acusações que incluem violações da Lei do Mercado de Capitais, podendo somar mais de 30 anos à sua pena. Um promotor sênior comentou que uma condenação em seu país seria uma forma eficaz de compensar as vítimas locais, que estimam ser cerca de 200 mil no total, com prejuízos avaliados em US$ 204 milhões (ou 300 bilhões de won).

A queda de Do Kwon

Do Kwon, que cofundou a Terraform Labs em Singapura, lançou a TerraUSD e a LUNA prometendo que a stablecoin manteria seu valor atrelado ao dólar americano. No entanto, em maio de 2022, o sistema colapsou, afetando não apenas investidores que apostavam na criptomoeda, mas também diversas outras empresas do setor.

Investigações revelaram que uma corretora contratada pela própria Terraform Labs comprou a Terra de forma clandestina, manipulado o preço. A saga de Kwon tomou um novo rumo quando, em março de 2023, ele foi preso em Montenegro tentando usar um passaporte falsificado. Depois de meses de discussões jurídicas sobre sua extradição, ele finalmente foi enviado para os Estados Unidos em dezembro do ano passado.

No tribunal, ele foi considerado culpado de várias acusações, como fraude e lavagem de dinheiro, resultando em uma pena de 15 anos de prisão e a ordem de confisco de US$ 19 milhões em ganhos ilegais. Durante o julgamento, foram apresentadas 315 cartas de vítimas que relataram tragédias pessoais, como suicídios e falências, devido ao colapso.

Sentimento na Coreia do Sul

Na Coreia do Sul, muitos acreditam que a punição de Kwon nos EUA pode ter mais impacto do que um julgamento em casa. Especialistas em crimes financeiros apontam que o sistema jurídico sul-coreano é muitas vezes visto como condescendente com delitos financeiros, o que gera dúvidas sobre a real responsabilização em casos de grandes fraudes.

Um especialista em crimes cibernéticos destacou que Kwon não pode alegar que desconhecia os riscos, uma vez que o colapso poderia ser previsto. Seguir em frente, mesmo com a possibilidade de falência, mostra uma aceitação do risco. Para muitos, a trajetória de Kwon não foi apenas um incidente comercial, mas uma causa que trouxe dores profundas a muitas pessoas afetadas pelas perdas financeiras.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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