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Solana e Aptos buscam reforçar blockchains contra ataques quânticos

O tema da computação quântica já deixou de ser apenas uma ideia distante e agora se apresenta como uma preocupação real para as blockchains. Redes como Solana e Aptos estão se mobilizando e testando novas propostas que adotam padrões pós-quânticos, com o intuito de garantir a segurança das transações e dos validadores nos próximos anos.

Recentemente, a Fundação Solana revelou que fez uma avaliação detalhada da sua rede em colaboração com a empresa de segurança Project Eleven. Esse estudo testou assinaturas digitais que são resistentes a ataques quânticos em um ambiente de teste. O objetivo foi conferir se as transações pós-quânticas conseguem funcionar na camada atual da rede sem causar interrupções.

A Solana Foundation comentou em suas redes sociais que estão se preparando para o futuro. A ideia é assegurar a rede por muitos anos, mesmo que a computação quântica avance rapidamente.

Solana testa assinaturas pós-quânticas em ambiente real

Conforme a fundação, o testnet desenvolvido pelo Project Eleven utilizou assinaturas digitais pós-quânticas para avaliar riscos e garantir a compatibilidade. Esse teste foi realizado após uma análise delongada sobre possíveis ameaças que poderiam comprometer os modelos de criptografia utilizados atualmente.

Matt Sorg, vice-presidente de tecnologia da Solana, ressaltou que proteger a base criptográfica é uma responsabilidade a longo prazo. Embora os computadores quânticos ainda não representem uma ameaça imediata, é fundamental planejar com antecedência.

Essa iniciativa se junta a outras medidas já implementadas pela Solana. Em janeiro, os desenvolvedores lançaram o Winternitz Vault, um recurso opcional para carteiras que usa assinaturas baseadas em hash. Essa inovação gera novas chaves a cada transação, mantendo os usuários protegidos sem alterar o protocolo central.

Sorg comentou que em 2025 haverá um novo cliente lançado e melhorias no mecanismo de consenso da rede. Para ele, ações como a do Project Eleven são evidências de que o ecossistema está reforçando sua resiliência ao longo do tempo de maneira concreta.

Aptos propõe assinatura pós-quântica como opção

A rede Aptos também está se preparando. Um novo processo de governança, chamado AIP-137, propõe adicionar um esquema de assinatura pós-quântica, o SLH-DSA, como uma opção para os usuários. Este esquema foi desenvolvido com base em estudos do NIST, utilizando o algoritmo SHA-256 e evitando a dependência de novos modelos criptográficos.

A Aptos Labs explicou que essa proposta não exige migração obrigatória, e o Ed25519 continuará sendo o padrão. Os usuários que desejarem proteção extra poderão ativar a assinatura pós-quântica ao criar contas específicas.

Um ponto a ser considerado é que essas assinaturas, embora mais seguras, são maiores e demoram mais para serem verificadas, o que pode sobrecarregar a rede se muitos usuários decidirem adotá-las.

Apesar das possíveis desvantagens, a Aptos Labs vê o AIP-137 como uma medida estratégica de preparação, e não uma resposta a uma emergência. O objetivo é que a rede se antecipe a inovações tecnológicas sem agir sob pressão.

O debate sobre segurança pós-quântica não se limita apenas a Solana e Aptos. Redes como Bitcoin, Ethereum e Zcash também estão discutindo padrões que serão resistentes no futuro. A grande preocupação é que máquinas quânticas mais avançadas possam derivar chaves privadas e forjar transações.

Porém, especialistas pedem um pouco de calma. Adam Back, cofundador da Blockstream, comentou que o risco é mínimo no curto prazo. Segundo ele, essa tecnologia ainda enfrenta enormes desafios e estamos “décadas longe” de um ataque viável. Entretanto, reconheceu que é sensato para as blockchains começarem a se preparar desde agora.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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