Bitcoin ultrapassa US$ 109 mil, mas traders seguem cautelosos
Nesta quarta-feira, o Bitcoin (BTC) deu um salto acima dos US$ 109.000, após flertar com o suporte de US$ 105.200 no início do dia. Esse movimento de alta coincidiu com a divulgação de dados que mostraram uma expansão monetária na zona do euro e indicativos de fraqueza no mercado de trabalho dos Estados Unidos. Apesar de estar a apenas 2% de sua máxima histórica, muitos traders estão cautelosos e não se sentem à vontade para ser otimistas, de acordo com as métricas de derivativos de BTC. Essa relutância acabou fazendo com que alguns investidores levantassem dúvidas sobre a solidez dessa alta.
Na quarta-feira, o prêmio dos futuros de Bitcoin estava abaixo do limite neutro de 5%. O leve aumento em relação aos 4% registrados na segunda-feira reflete uma tendência que começou em junho, quando o indicador se aproximou da zona otimista, indo junto com a última alta do Bitcoin na casa dos US$ 110.000.
A expansão da base monetária na zona do euro está por trás da alta do Bitcoin?
É complicado apontar um único motivo para essa alta recente, mas a base monetária ampla (M2) da zona do euro, que alcançou um recorde em abril, pode ter sido um fator importante. Os dados divulgados na segunda-feira mostraram uma expansão de 2,7% em relação ao ano anterior, em linha com a mesma tendência nos Estados Unidos. Por outro lado, um relatório da ADP indicou que as folhas de pagamento privadas nos EUA diminuíram em 33.000 em junho.
Alguns participantes do mercado acreditam que a falta de disposição para adotar posições alavancadas em Bitcoin reflete os riscos de uma possível recessão econômica, especialmente no contexto da crescente guerra comercial global. O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, chegou a ameaçar elevar as tarifas de importação sobre produtos japoneses para mais de 30% se um acordo não fosse alcançado até o dia 9 de julho.
De acordo com fontes, embaixadores da zona do euro orientaram o comissário de Comércio da UE, Maroš Šefčovič, a adotar uma postura mais firme em sua visita a Washington nesta semana. Cidades europeias teriam solicitado uma redução na tarifa recíproca de 10%, embora haja divergências internas sobre as possíveis retaliações.
Mercados de opções neutros e demanda fraca por stablecoins na China
Para entender se a falta de entusiasmo nos derivativos de Bitcoin se restringe aos futuros, é interessante analisar também os mercados de opções de BTC. Se os traders esperassem uma queda significativa, o delta skew de 25% superaria 6%, com as opções de venda (put) colocando mais pressão sobre as opções de compra (call).
Atualmente, a métrica de skew está em 0%, sem alteração em relação aos últimos dias, o que sugere que os traders percebem riscos equilibrados para as movimentações de preço. Embora isso indique um clima morno na faixa de US$ 109.000, ainda demonstra uma melhora em relação à postura pessimista observada em 22 de junho.
Apesar do Bitcoin ter alcançado a máxima em três semanas, a demanda por criptomoedas na China diminuiu bastante, conforme os dados que indicam o prêmio das stablecoins. O desconto do Tether (USDT) em relação à taxa oficial do dólar apresenta sinais de incerteza, refletindo que investidores estão se retirando dos mercados cripto. Um desconto de 1% é o mais alto desde meados de maio, apontando uma falta de confiança nos recentes ganhos do Bitcoin.
Os traders estão cada vez mais apreensivos com as repercussões da guerra tarifária em andamento, especialmente após reportarem saídas líquidas de US$ 342 milhões em ETFs de Bitcoin na terça-feira. Essa atmosfera contida nos mercados de derivativos reflete a incerteza econômica mais ampla que estamos vivendo.