A recente alta do Bitcoin traz à tona uma série de fatores interligados que refletem um cenário global complicado. Com tensões geopolíticas e a possibilidade de mudanças na política monetária dos Estados Unidos, o interesse por criptoativos voltou a crescer, especialmente entre investidores institucionais. A expectativa de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve tende a favorecer ativos alternativos como o Bitcoin, que são vistos como uma proteção contra a desvalorização das moedas convencionais.
Além disso, a volatilidade nos mercados financeiros e incidentes como o recente ataque hacker ao Banco Central do Brasil têm levado muitos investidores a buscar opções mais seguras em tempos de incerteza. “Estamos em um momento onde o Bitcoin se destaca como uma alternativa sólida diante das instabilidades globais e locais. O aumento do interesse dos grandes fundos e a melhora na regulamentação têm renovado a confiança no mercado de criptoativos”, comenta Denise Cinelli, COO da CryptoMKT.
Acumulação que impulsiona a alta
Guilherme Prado, responsável pela Bitget Brasil, aponta que grandes investidores estão se acumulando em Bitcoin (BTC) enquanto investidores menores estão saindo do mercado. Esse movimento sugere que a oferta está se transferindo para mãos mais sólidas, sinalizando confiança institucional e expectativas otimistas.
As saídas contínuas de BTC das exchanges mostram que a pressão de venda está diminuindo e que há um aumento na confiança de longo prazo entre os investidores. Os ETFs institucionais também continuam recebendo investimentos, o que reforça essa tendência otimista.
O cenário regulatório dos Estados Unidos também é importante, com debates sobre propostas de políticas que favorecem o Bitcoin. Em termos de preço, parece que o BTC se mantém numa estrutura de alta, consolidando entre US$ 107.000 e US$ 110.500.
Se o Bitcoin ultrapassar a marca de US$ 110.500, pode haver um impulso que o leve a US$ 115.000 a US$ 123.000 ainda esse mês. Por outro lado, se cair abaixo de US$ 107.000, pode haver liquidações e uma busca por suportes em US$ 105.200 e US$ 102.265. O clima é de otimismo cauteloso, com fundamentos sólidos respaldando esse sentimento, mas ainda há preocupação com eventuais realizações de lucro.
Expectativa de US$ 220 mil
Rodrigo Miranda, da Universidade do Bitcoin, acredita que este ciclo é um pouco distinto dos anteriores. Enquanto investidores institucionais estão aumentando suas posições em Bitcoin, muitos investidores individuais estão vendendo. “A demanda por Bitcoin parece maior do que a oferta disponível, e acredito que em breve o BTC deve subir de modo acentuado, deixando a maioria dos investidores menores de fora dessa alta”, comenta.
Os alvos traçados por ele incluem US$ 124.000 no curto prazo, US$ 146.000 a US$ 150.000 no médio prazo e, no longo prazo, algo entre US$ 180.000 e US$ 220.000. Contudo, para que essa alta se confirme, o Bitcoin precisa romper um nível crítico, segundo Axel Adler Jr., analista da CryptoQuant.
Adler, que já mostrou habilidade em prever tendências do Bitcoin, menciona que a resistência principal está em US$ 110.500. Se houver um rompimento com volumes consideráveis, o caminho pode abrir para uma nova alta. O suporte local segue em US$ 108.000, e o mantenimento desse nível ajudaria a preservar a tendência de alta.
Mercado de Futuros em foco
Falando do mercado de Futuros, Adler aponta que o interesse em posições abertas aumentou 7% na última semana. Este é o primeiro aumento significativo após um período de queda. Com isso, o apetite dos traders por novas posições e contratos alavancados está crescendo, o que é um sinal encorajador para o mercado.
Um aumento no interesse aberto, aliando-se a uma alta dos preços, geralmente indica que os investidores estão confiantes em uma movimentação de alta. Acompanhando esses indicadores, Adler destaca que para uma nova alta se materializar, o crescimento do interesse deve ultrapassar 10%, junto com um aumento no volume de negociação.
Níveis fundamentais a serem observados
Adler completa sua análise afirmando que a situação do Bitcoin está se equiparando a uma “primavera comprimida”. Há um aumento no interesse em aberto e posições de compra líquidas, o que indica que o capital está se acumulando, aguardando os próximos movimentos do mercado.
Ele ressalta a importância de romper US$ 110.500 como um gatilho para potenciais liquidações que podem impulsionar o preço em direção aos novos níveis. As próximas declarações do Federal Reserve e a dinâmica das negociações tarifárias serão cruciais para definir o futuro próximo do Bitcoin.
