Vitalik Buterin defende licenciamento copyleft para criptomoedas
O cofundador da Ethereum, Vitalik Buterin, fez uma mudança interessante em suas preferências de licenciamento, agora defendendo um modelo chamado copyleft. Ele acredita que, em um cenário de forte competição entre criptomoedas, é essencial forçar o compartilhamento de código entre os desenvolvedores.
Em um post recente, Buterin comentou que, até pouco tempo atrás, era adepto do licenciamento “permissivo”, que permite o uso e compartilhamento livre do código. Contudo, sua visão evoluiu. Agora, ele vê valor no modelo copyleft, que não só permite a modificação e distribuição do código, mas exige que os trabalhos derivados também sejam disponibilizados como open-source.
Buterin compartilhou sua aversão a conceitos como direitos autorais e patentes. Para ele, não faz sentido que pessoas possam ser vistas como criminosas por simplesmente trocar dados de forma privada. Ele sentiu que o mundo do software open source se tornou mais popular, e essa transformação tornou mais viável incentivar empresas a adotarem o copyleft.
Apesar de sua defesa, ele também reconhece algumas desvantagens do copyleft. Por exemplo, o modelo pode ser muito restritivo, especialmente quando o código não está sendo amplamente compartilhado, mas deve ser acessível.
O copyleft no contexto cripto
Buterin apontou que o espaço das criptomoedas mudou bastante, se tornando mais competitivo e menos colaborativo. Esse cenário acaba enfraquecendo o ideal original do open-source, que se baseava no compartilhamento espontâneo de códigos e conhecimentos.
Ele acredita que o compartilhamento por vontade própria não é mais suficiente. Com isso, propõe que medidas de “poder duro” sejam usadas para garantir que quem tenha acesso a certos códigos também compartilhe seus próprios desenvolvimentos. Para isso, o copyleft se torna um aliado importante, pois força a reciprocidade e promove uma inovação que beneficia a comunidade como um todo, e não apenas algumas empresas com códigos fechados.
Vitalik sugere que o copyleft ajuda a formar um “grande pool de códigos”, no qual só pode utilizar o que foi criado quem também se comprometer a compartilhar seu trabalho. Isso gera um ambiente de colaboração mais saudável, onde todos saem ganhando.
Ele conclui que a promoção do open source, por meio do copyleft, é mais valiosa em um momento em que não é possível contar apenas com o altruísmo dos desenvolvedores. E para ele, os benefícios desse modelo hoje superam em muito o que eram há quinze anos.
O investidor Adam Cochran, que também atua no setor cripto, concordou com Buterin, reconhecendo que, apesar de algumas questões práticas em relação ao copyleft, a filosofia por trás dele é bastante válida. É um debate que, sem dúvida, impacta todo o ecossistema cripto.