A entrega que as criptomoedas não cumpriram
O economista Paul Krugman, que ganhou o prêmio Nobel de economia em 2008, fez uma declaração impactante em um artigo recente: o Pix pode ser o dinheiro do futuro. Ele acredita que o sistema de pagamentos criado aqui no Brasil entrega o que as criptomoedas prometem, mas sem os riscos e incertezas do mercado cripto.
Krugman iniciou sua análise enfatizando a rapidez, custo baixo e o amplo alcance do Pix, citando que 93% da população adulta no Brasil já usa essa ferramenta. Para ele, é impressionante como o Pix consegue oferecer aquilo que muitos defensores das criptomoedas diziam que a tecnologia de blockchain proporcionaria: taxas de transação reduzidas e inclusão financeira. Para ilustrar, ele comparou o uso do Pix no Brasil com o de criptomoedas nos Estados Unidos, onde apenas 2% da população fez transações com cripto no último ano.
Em uma crítica ao lado mais sombrio do mercado de criptomoedas, Krugman destacou episódios de violência em que pessoas foram coagidas para revelar senhas de carteiras digitais. Ele fez uma observação interessante: “Usar o Pix não cria o incentivo para sequestrar pessoas e forçá-las a entregar suas chaves de criptomoedas.”
Krugman e a defesa das CBDCs
Além de elogiar o Pix, Krugman criticou um veto por parte dos políticos republicanos nos Estados Unidos em relação à criação de uma CBDC (Moeda Digital do Banco Central). Para ele, essa moeda poderia facilitar a vida financeira das pessoas comuns. Ele lembrou que as preocupações dos republicanos sobre invasão de privacidade parecem um pouco contraditórias, considerando que muitos deles já compartilharam dados de programas de saúde com a imigração para facilitar prisões.
Outro ponto que Krugman levantou foi sua discordância em relação ao GENIUS Act, uma proposta que regulariza o mercado de stablecoins nos EUA. Ele acredita que essa medida pode abrir portas para fraudes e crises financeiras.
O economista também mencionou que os interesses dos lobbies financeiros impedem a adoção de um modelo de pagamentos como o Pix nos Estados Unidos. Segundo ele, outros países poderiam se inspirar no sucesso do Brasil nessa área, mas o cenário americano permanece preso a uma mistura de interesses particulares e ilusões em torno das criptomoedas.