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Banho de sangue afeta mercado de criptomoedas nesta semana

O mercado de criptomoedas passou por um verdadeiro turbilhão na sexta-feira, 10 de outubro. Em apenas um dia, mais de US$ 19 bilhões foram eliminados, um valor impressionante, muito maior do que o que vimos durante a pandemia de COVID-19 ou a quebra da FTX. Essa situação gerou um clima de incerteza, e agora os especialistas tentam entender as razões por trás desse colapso repentino.

O problema começou logo cedo, quando Donald Trump levantou a possibilidade de novas tarifas “massivas” sobre produtos da China. A situação se agravou à noite, quando ele anunciou tarifas de 100% sobre importações chinesas, o que reacendeu o medo de uma nova guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. Essa decisão foi uma reação às novas regras da China sobre a exportação de terras raras, minerais essenciais para a fabricação de tecnologia avançada, como carros elétricos e chips de computador.

As terras raras são fundamentais, pois a China controla cerca de 90% do processamento e 60% da extração desses minerais. As novas regulamentações de Pequim, que exigem uma licença para exportar produtos que utilizem esses elementos, alarmaram o mercado, pois podem desestruturar as cadeias de suprimentos globais.

Trump descreveu essa ação da China como “extraordinariamente agressiva” e afirmou que esse plano estava em discussão há anos. Em resposta, o Ministério do Comércio da China disse que o país não busca conflitos, mas que responderá de forma firme caso os EUA mantenham essas tarifas. O porta-voz do ministério ressaltou a necessidade de corrigir as ações que consideram equivocadas, defendendo um diálogo baseado em negociações prévias entre os dois países.

Entendendo a queda das criptomoedas

Agora, uma dúvida paira no ar: por que a queda do Bitcoin e das outras criptomoedas foi tão intensa com a escalada das tensões comerciais, um fenômeno já conhecido no mercado? A resposta está em uma combinação de fatores. A intensa alavancagem dos traders no mercado de derivativos, o disparo de ordens automáticas de venda e a baixa liquidez em um momento inusitado — no fim da noite de sexta-feira — criaram um ambiente propício para essa reação exagerada. O que poderia ter sido apenas uma correção de preços se transformou em uma verdadeira liquidação em massa.

É importante notar que, apesar do valor histórico das liquidações, a queda nos preços das principais criptomoedas não foi das mais bruscas. Isso sugere que o movimento foi exacerbado por posições alavancadas, e não por uma mudança estrutural no mercado.

Jonathan Man, gestor de portfólio da Bitwise, explicou a dinâmica entre os mercados perpétuos e os provedores de liquidez. Ele ressalta que a alavancagem pode gerar um efeito dominó: quando os preços despencam rapidamente, os provedores costumam reduzir sua exposição, o que leva a novas liquidações e intensifica a queda.

“Nos mercados perpétuos, os perdedores bancam os vencedores. Se alguém está prestes a perder mais do que realmente possui, essa pessoa pode ser liquidada para garantir a saúde financeira do sistema”, observou Man.

Durante um mercado normal, as liquidações ocorrem de maneira orgânica, mas em momentos de incerteza, os provedores podem aumentar os spreads ou até mesmo retirar liquidez. Isso se torna ainda mais complicado em situações em que as corretoras utilizam um método conhecido como Auto De-leverage (ADL), que protege as próprias operadoras, mas prejudica os traders.

Perda de paridade de tokens piorou a situação

A perda de paridade de algumas criptomoedas também complicou ainda mais o cenário. A USDe, uma stablecoin muito utilizada em finanças descentralizadas, por exemplo, caiu para US$ 0,65 na Binance. Outros tokens, como BNSOL e WBETH, também enfrentaram desvalorizações significativas.

A Binance reconheceu que esse episódio resultou em liquidações forçadas que afetaram muitos usuários e se comprometeu a indenizar investidores que sofreram perdas devido a falhas na plataforma.

No total, mais de 1,6 milhão de traders foram liquidados, com dados sugerindo que cerca de 6.300 carteiras na plataforma Hyperliquid foram eliminadas durante esse colapso. Algumas perderam mais de US$ 1 milhão, e muitas outras registraram prejuízos acima de US$ 100 mil.

“Esse incidente foi um lembrete da fragilidade do mercado. Aqueles que agiram de forma cautelosa e sem alavancagem provavelmente sentiram o impacto, mas ainda têm chances de recuperação. A boa notícia é que, após essa sacudida, o mercado já apresenta sinais de maior estabilidade”, concluiu o analista da Bitwise.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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