BC desiste de blockchain no Drex e pode acelerar tokenização
A notícia de que o Banco Central do Brasil decidiu abandonar, por enquanto, a utilização da tecnologia blockchain no Drex pegou muita gente de surpresa. A princípio, parecia um golpe duro para o mercado de criptomoedas no país. No entanto, especialistas do setor acreditam que essa pode ser uma oportunidade para acelerar o avanço do mercado de tokenização. Com a decisão do BC, o mercado privado poderia impulsionar inovações sem esperar as diretrizes do regulador.
Fabrício Tota, vice-presidente de novos negócios do MB, comentou que essa mudança vai permitir que o mercado se desenvolva mais rapidamente. Ele explicou que desvincular o Drex da blockchain pode mudar o foco para outros métodos de tokenização. Para ele, isso beneficia aqueles que já estão atuando nesse campo, já que a demanda por ativos digitais não avança no mesmo ritmo que as iniciativas do governo.
Gustavo Cunha, criador do canal Fintrender e autor de um livro sobre tokenização, também acha que essa decisão do BC pode trazer um avanço para o setor. Segundo ele, o Banco Central tem muitos desafios pela frente e a solução deve vir mais da iniciativa privada do que de uma rede pública robusta.
Para Daniel Coquieri, fundador da Liqi, a escolha do BC faz sentido diante dos desafios conhecidos em termos de privacidade e escalabilidade. Embora seja uma mudança inesperada para quem acompanha o setor, ela reflete a complexidade do assunto.
Cenário ideal
Muitos no mercado cripto brasileiro acreditam que a posição ideal seria aquela em que o regulador define diretrizes claras e realiza a supervisão, enquanto o setor privado desenvolve a tokenização, emissões em redes públicas e stablecoins. Tota mencionou que esse modelo evitaria a necessidade de escolher uma tecnologia específica, acelerando os processos e oferecendo segurança jurídica para inovações em bancos e fintechs. Vale destacar que o MB já superou a marca de R$ 1,5 bilhão em ativos tokenizados.
Coquieri também vê com bons olhos um cenário em que o Banco Central apenas estabelece normas e deixa a infraestrutura a cargo da iniciativa privada. Ele acredita que essa abordagem poderia ser mais natural, já que o regulador geralmente não é responsável pela criação de sistemas ou regulamentações detalhadas. A Liqi, por exemplo, planeja emitir mais de R$ 600 milhões em dívidas tokenizadas em 2025.
A importância da blockchain
Embora os especialistas estejam otimistas com a atitude do BC de deixar a blockchain de lado, eles ressaltam que essa tecnologia ainda tem um papel crucial na tokenização do mercado financeiro. Tota lembra que a blockchain pode expandir o acesso e a interconexão entre diferentes mercados, oferecendo mais benefícios do que uma estrutura que não a utilize.
Coquieri acrescenta que, se o Banco Central encontrar soluções em um sistema centralizado, isso pode desvirtuar o verdadeiro conceito do DREX. Já Cunha lembra que o BC ainda está utilizando a tecnologia em algumas de suas iniciativas, o que indica que a blockchain não foi completamente abandonada.