BC se opõe a reserva de Bitcoin por questões técnicas, diz mercado
A recente posição do Banco Central e do Ministério da Fazenda sobre a inclusão do Bitcoin nas reservas internacionais do Brasil foi vista de forma prática por muitos no mercado cripto. Durante uma audiência na Câmara dos Deputados, no dia 20, o tema foi debatido em relação ao Projeto de Lei 4.501/2024, que sugere a criação de uma Reserva Estratégica de Bitcoin, proposta pelo deputado Eros Biondini.
Daniel Leal, chefe da subsecretaria da Dívida Pública do Ministério da Fazenda, comentou que a volatilidade do Bitcoin não o torna uma opção viável para as reservas internacionais do país. Luiz Guilherme Siciliano, do Banco Central, concordou, ressaltando a falta de um ambiente jurídico adequado para que o Bitcoin seja considerado nessas reservas.
Fabrício Tota, VP de Novos Negócios do MB, também avaliou as declarações do BC e do Tesouro como técnicas. Ele mencionou que as reservas internacionais têm o objetivo de garantir segurança e liquidez, e que, no momento, a volatilidade do Bitcoin ainda é um obstáculo. Contudo, ele acredita que isso não impede que o Brasil avance em outras frentes, como a regulação de prestadoras de serviços de ativos digitais e a incorporação de stablecoins sob supervisão.
Por meio de uma nota, a ABFintechs destacou que a legislação atual não permite a inclusão de ativos voláteis nas reservas internacionais do Brasil. Para isso, seria necessário um ajuste legal que permitisse justificar tecnicamente a desconsideração da volatilidade.
Bernardo Srur, CEO da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABcripto), também observou que o Brasil já fez progressos significativos em regulação e infraestrutura, mas é fundamental que o país continue atento às transformações globais. Ele defendeu uma abordagem planejada, sem pressa, mas que mantenha o Brasil alinhado às tendências que podem ser estratégicas no futuro.
Brasil pode perder oportunidade
O acúmulo de reservas de Bitcoin por outros países não é uma novidade. Na verdade, os Estados Unidos já formaram sua reserva a partir de ativos confiscados, e até mesmo países como Ucrânia, El Salvador e Butão estão seguindo o mesmo caminho.
Julia Rosin, líder de Políticas Públicas da Bitso Brasil, destacou que pode haver um risco de o Brasil ficar para trás se ignorar essa tendência crescente. Ela enfatizou a importância de não agir precipitadamente, mas de criar mecanismos que permitam tirar proveito do potencial do Bitcoin de forma cautelosa.
Rosin também comentou sobre a visão equivocada que se tem em relação à volatilidade do Bitcoin. Apesar das oscilações, ele se destacou como um dos ativos com melhor valorização na última década, superando até mesmo o ouro e o dólar. Esse cenário sugere que o Bitcoin pode ter um futuro mais promissor do que muitos imaginam.