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Bitcoin Core 30.0 traz suporte ao OP_RETURN; saiba o que mudou

A versão 30.0 do Bitcoin Core, o software mais importante para a rede Bitcoin, foi lançada no último domingo, dia 12. Essa atualização traz uma mudança bastante comentada: o aumento do espaço disponível para dados no campo OP_RETURN, que passou de 80 bytes para quase 4 MB por transação. Isso significa que agora é possível armazenar muito mais informações diretamente na blockchain, o que levanta questões sobre novos usos para a rede além das simples transações monetárias.

O campo OP_RETURN permite que os usuários incluam dados arbitrários nas transações de Bitcoin. Esse limite sempre foi restrito para prevenir abusos, mas com a nova versão, os desenvolvedores flexibilizaram essa regra. Agora, é possível ter múltiplas saídas OP_RETURN por transação, com um limite total que pode chegar a 100.000 bytes, dependendo do espaço da transação. Essa mudança gerou discussões intensas.

Alguns desenvolvedores, como Peter Todd, são a favor da nova abordagem, afirmando que os limites anteriores já estavam sendo burlados e que a mudança traz mais flexibilidade e possibilidades de programação. No entanto, há vozes contrárias, que temem que o aumento do espaço para dados cause congestionamento na rede e eleve os custos das transações, o que poderia prejudicar sua finalidade como sistema de pagamentos.

Além do OP_RETURN, a versão 30.0 também trouxe outras mudanças importantes. Uma delas foi a introdução de um limite para operações de assinatura em transações padrão. Agora, cada transação pode ter no máximo 2.500 operações, que servem para validar se os fundos estão sendo utilizados corretamente. Essa atualização não atrapalha o funcionamento cotidiano da rede e é uma preparação para futuras melhorias, como a BIP54.

Na parte das taxas, também houve ajustes significativos. A taxa mínima para inclusão de transações nos blocos pelos mineradores caiu para 0,001 satoshi por vbyte. As taxas mínimas de retransmissão e de incremento, que ajudam a decidir se uma transação será divulgada na rede ou não, foram fixadas em 0,1 sat/vB. No entanto, os desenvolvedores alertam que essas configurações são apenas padrões. Cada nó da rede pode definir seus próprios limites, e transações com taxas muito baixas podem acabar sendo ignoradas.

O que mais mudou no Bitcoin Core 30.0

Embora a questão do OP_RETURN tenha gerado bastante debate, a nova versão trouxe uma gama de melhorias que devem impactar positivamente a performance e a robustez do software. Mike Schmidty, executivo da Brink — uma organização que apoia o desenvolvimento do Bitcoin —, comentou que o Bitcoin Core 30.0 incorporou 577 pull requests (PRs). Isso demonstra que, mesmo sendo um projeto conservador voltado para segurança, há um esforço contínuo de manutenção e aprimoramento.

A grande maioria dessas alterações está relacionada a áreas como testes automatizados (181 PRs), sistema de compilação (70 PRs) e documentação (70 PRs). Schmidty destacou a ampliação dos testes do tipo fuzzing, uma técnica que busca identificar falhas inesperadas graças a entradas aleatórias no código, o que fortalece a resiliência do software.

Outra novidade significativa foi a melhoria no sistema de build, utilizando o CMake, um framework moderno que facilita a portabilidade do Bitcoin Core em diferentes plataformas. Isso também prepara o terreno para avanços como o suporte melhorado ao Stratum v2, que busca descentralizar ainda mais a mineração.

Além disso, a versão 30.0 marca a conclusão de um projeto que durou cinco anos: a migração para a nova estrutura de “descriptor wallets”, que traz maior segurança e facilidade na integração com aplicativos, melhorando assim a experiência do usuário.

Embora essa melhoria não tenha sido mencionada nas notas de lançamento, Schmidty também revelou que o processo de sincronização inicial de blocos está 20% mais rápido em comparação à versão anterior. Para quem opera nós e precisa se conectar da maneira mais rápida à blockchain, isso é um benefício e tanto.

Por fim, merece destaque que as mudanças nas políticas de operação — como o novo limite de 2.500 operações de assinatura e as alterações nas taxas — representam uma pequena parte do que foi transformado nesta versão. Acompanhar essas inovações é essencial para quem está inserido no ecossistema Bitcoin e deseja entender as direções que o projeto pode tomar.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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