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Bitcoin ETF atrai 70% de novos investidores para a BlackRock

A recente aprovação de ETFs realmente fez a diferença para o mercado de criptomoedas. Mas também trouxe uma consequência interessante: gestoras tradicionais como a BlackRock começaram a atrair muitos novos investidores. Essa migração de clientes pode ser vista como uma validação do próprio Bitcoin.

Um dado surpreendente é que, desde o lançamento do iShares Bitcoin Trust (IBIT), 70% dos investidores que compraram cotas daquele produto nunca tinham sido clientes da BlackRock antes. Cristiano Castro, diretor do segmento Wealth da BlackRock Brasil, compartilhou essa informação durante uma entrevista no Digital Assets Conference (DAC) 2025. Para ele, isso demonstra a capacidade das criptomoedas de atrair até aqueles que nunca consideraram produtos da gestora, oferecendo uma porta de entrada para esse universo digital.

Castro está na BlackRock há 11 anos e percebeu uma grande mudança na percepção sobre os criptoativos. A essa altura, eles deixaram de ser vistos apenas como um interesse de entusiastas e começaram a fazer parte das estratégias de investidores maiores. Ele relembra que, em 2017, a visão do mercado era repleta de desconfiança. Naquela época, o Bitcoin era frequentemente associado a práticas mal vistas, como lavagem de dinheiro e esquemas de enriquecimento rápido. No entanto, com o tempo, a tecnologia por trás das criptomoedas começou a sedimentar sua relevância.

Um dos principais atrativos é a possibilidade de realizar transações a qualquer momento e a capacidade de conectar moedas de diferentes países, além de promover a redução de custos operacionais. “Ainda hoje é um desafio para o mercado tradicional ampliar o horário de negociação, enquanto a blockchain já nasce com essa flexibilidade”, ressalta Castro.

A verdadeira transformação ocorreu com a criação de veículos regulados para acesso a criptoativos. Castro observa que, desde 2021, ficou claro que era possível desenvolver produtos seguros, com custódia profissional e listados em bolsa. Isso abriu espaço para uma maior adoção.

O lançamento do iShares Bitcoin Trust no início de 2024 nos Estados Unidos foi um marco. Ele se tornou o ETF que mais cresceu na história e ajudou a mudar a visão de que esse tipo de ativo não poderia ser levado a sério. Atualmente, investidores institucionais respeitados, como a Universidade de Harvard, estão colocando dinheiro sério em Bitcoin. Recentemente, Harvard revelou um investimento de mais de US$ 100 milhões no ETF da BlackRock.

Quando instituições desse porte entram na dança, a responsabilidade e a credibilidade do ativo aumentam. Para Castro, o cenário cripto já está em uma nova fase, com fundos de pensão e até governos avaliando sua exposição a esse mercado.

O que esperar da BlackRock no mercado cripto?

Embora o Brasil já tenha uma variedade de ETFs de criptoativos disponíveis, a BlackRock mantém seus olhos voltados para o país. A gestora trouxe para a B3 dois produtos internacionais na forma de BDRs: o IBIT39, que replica o ETF de Bitcoin, e o ETHE39, relacionado ao Ethereum.

Para o investidor brasileiro, a grande vantagem é a simplicidade. É possível adquirir cotas diretamente pela corretora em que já se operam ações e fundos, sem a necessidade de abrir conta em plataformas internacionais. “Esses instrumentos são eficientes, de baixo custo e permitem integrar tudo na mesma carteira”, afirma.

Atualmente, a BlackRock está priorizando a educação dos investidores no Brasil mais do que o lançamento de novos produtos. Castro reconhece os desafios, especialmente entre gestores tradicionais que têm dificuldade em entender os ativos digitais sob a perspectiva da análise fundamentalista.

“Muitas vezes, escutamos: como precificar o Bitcoin? Como saber se ele está caro ou barato? As pessoas anseiam por previsibilidade”, comenta Castro. O foco da BlackRock é ajudar no entendimento sobre como os ativos digitais podem diversificar portfólios e contribuir para o desempenho, sempre destacando os riscos envolvidos.

Sobre a possibilidade de lançar ETFs de outras criptomoedas além de Bitcoin e Ethereum, ele deixou claro que não há nada em vista por enquanto. No entanto, a porta não está fechada. “No passado começamos com o Bitcoin, depois nos sentimos confortáveis para avançar com o Ethereum. Não há motivo para não avaliarmos novas possibilidades no futuro, mas atualmente nosso foco está nesses dois”.

Além disso, a BlackRock fez novas movimentações recentes, como o registro de um novo fundo chamado Bitcoin Premium Income ETF, que planeja gerar renda através da venda de opções cobertas de futuros de Bitcoin. Esse projeto é considerado uma evolução do IBIT, com o diferencial de oferecer um rendimento extra.

Outra iniciativa interessante é a proposta de levar os ETFs tradicionais para a blockchain por meio da tokenização. A BlackRock busca usar essa tecnologia em produtos tradicionais de Wall Street, o que poderia facilitar o acesso a investimentos e representar um novo marco na digitalização do mercado financeiro.

Castro acredita que a tokenização será um grande passo. Trazer instrumentos financeiros tradicionais, como ETFs, para a blockchain pode transformar como os mercados operam. “Em 15 ou 20 anos, estaremos discutindo como escalar produtos baseados em blockchain. Essa tecnologia promete trazer ganhos em liquidez, acesso e eficiência, além de simplificar processos”, finaliza.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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