Brasil movimenta US$ 318,8 bilhões em criptomoedas em 2023
O Brasil se destaca como o líder da América Latina no mercado de criptomoedas. Nos últimos três anos, entre julho de 2022 e junho de 2025, o país movimentou impressionantes US$ 318,8 bilhões, segundo um levantamento da Chainalysis. Esse número coloca o Brasil à frente de outros países da região, mostrando como as criptomoedas estão se inserindo cada vez mais no sistema financeiro nacional.
O estudo faz parte do “Geography of Cryptocurrency Report 2025”, que analisa a performance de vários países no universo cripto. No total, a América Latina movimentou quase US$ 1,5 trilhão em transações cripto durante esse período, consolidando-se como um dos polos mais dinâmicos do mundo. Essa evolução é impulsionada por uma combinação de fatores econômicos locais e a popularização das stablecoins, que são moedas digitais atreladas a ativos estáveis e usadas como proteção contra a inflação e a volatilidade cambial.
O Brasil é responsável por cerca de um terço de toda a atividade cripto na região. Na sequência, vêm Argentina, com US$ 93,9 bilhões, e México, com US$ 71,2 bilhões. O crescimento brasileiro foi 109,9% em relação ao volume anterior, evidenciando não apenas a liderança, mas também um avanço acelerado em comparação aos vizinhos. Esse salto é resultado da participação crescente de grandes investidores, instituições financeiras e do público em geral, que veem as criptomoedas como uma reserva de valor e um meio de pagamento.
Fatores que impulsionam o mercado de criptomoedas no Brasil
A Chainalysis aponta que a expansão do mercado cripto no Brasil está diretamente relacionada ao contexto econômico da América Latina. Com a inflação persistindo e as moedas locais enfrentando fragilidade, tanto cidadãos quanto empresas buscam alternativas mais estáveis. Os ativos digitais, especialmente as stablecoins, foram responsáveis por mais de 90% dos fluxos de criptomoedas no Brasil.
Outro ponto importante é que o Brasil se destaca como um dos maiores corredores de remessas internacionais da região. Muitos utilizam criptomoedas para fazer transferências, aproveitando a rapidez e os custos mais baixos em comparação com métodos tradicionais. Isso mostra que as criptos estão se tornando uma ferramenta prática no dia a dia das pessoas.
Além disso, 64% das transações na América Latina são realizadas em exchanges centralizadas. Esse é o segundo maior índice do mundo, perdendo apenas para o Oriente Médio e Norte da África. No Brasil, plataformas como Mercado Bitcoin, Ripio e Bitso se tornaram populares por facilitar o acesso entre moeda fiduciária e criptomoedas, além de oferecer serviços de remessa. Essa confiança nas exchanges é crucial, pois muitos brasileiros as veem como a forma mais segura de operar com criptomoedas.
Regulação e ambiente institucional
Uma das vantagens do Brasil em relação a outros países da América Latina é já ter um contexto regulatório mais robusto. A Lei de Ativos Virtuais, aprovada em 2022 e ajustada em 2023, estabeleceu diretrizes de compliance e responsabilidades para as empresas do setor. O Banco Central atua como autoridade responsável pela supervisão e combate à lavagem de dinheiro, o que traz mais segurança para investidores.
Esse ambiente regulatório claro tem atraído instituições financeiras tradicionais, como Itaú, Nubank e Mercado Pago, que já oferecem serviços relacionados às criptos. Novas regras também estão sendo discutidas e devem ser apresentadas até o final de 2025, visando aprimorar ainda mais a supervisão do mercado.
No cotidiano, milhões de brasileiros já utilizam stablecoins, seja para proteger seu poder de compra, realizar pagamentos ou enviar dinheiro para o exterior. Essa utilização crescente destaca a importância dos criptoativos na vida financeira do brasileiro.
Além de pequenos investidores, as grandes transferências também têm crescido substancialmente, com um aumento superior a 100% no volume de transações de alto valor, evidenciando o maior envolvimento de fundos e empresas com o setor.
Perspectivas
As perspectivas para a criptoeconomia no Brasil parecem promissoras. Entretanto, a Chainalysis ressalta que o crescimento do setor dependerá de um equilíbrio regulatório. É essencial criar regras que protejam os consumidores sem sufocar a inovação. Essa abordagem ajudará o Brasil a continuar sendo um atrativo tanto para startups locais quanto para instituições globais interessadas no mercado de criptomoedas.