Brasil se afirma como potência global em criptomoedas
O Brasil vem ganhando cada vez mais destaque no cenário global das criptomoedas. Durante a abertura do evento Blockchain Rio, que aconteceu na terça-feira (5), Michael Shaulov, CEO da Fireblocks, ressaltou que o país está no centro da adoção de ativos digitais, como Bitcoin, Ethereum e stablecoins. Ele classificou esse momento como uma fase de transformação acelerada, onde o Brasil e a América Latina lideram o uso de criptoativos.
Com um crescimento significativo nos últimos cinco anos, a Fireblocks, que é responsável por cerca de 15% das transações globais nesses ativos, tem acompanhado de perto essa evolução. A empresa tem uma clientela diversa e coleta dados que ilustram a mudança de comportamento do mercado.
Shaulov destacou três áreas com um potencial enorme no Brasil: a adoção em massa pelo varejo, o licenciamento pioneiro de empresas locais e a ascensão do país como um centro de pagamentos internacionais usando stablecoins. Mesmo com o crescimento institucional, ele apontou que o varejo ainda é um território pouco explorado.
De acordo com ele, a empresa que conseguir se regular e atender aos consumidores de forma eficaz terá uma vantagem competitiva considerável. Além disso, o Brasil está em uma posição estratégica para oferecer soluções de pagamentos cross-border, graças à sua infraestrutura digital e ao uso crescente de carteiras virtuais. Com o modelo de “stablecoin sandwich”, as empresas podem fazer transferências internacionais de forma mais rápida e econômica, usando stablecoins como uma ponte entre diferentes moedas. Essa prática tem se espalhado especialmente na América Latina, África e Sudeste Asiático.
Stablecoins impulsionam nova fase no mercado de criptomoedas
As stablecoins, como USDT e USDC, foram um dos focos principais da apresentação de Shaulov. Segundo ele, essas moedas digitais estão se consolidando como a solução mais eficiente para pagamentos rápidos, contratos em marketplaces e transferências de freelancers.
Ele destacou que “as empresas estão atualizando seus sistemas para incluir stablecoins nos fluxos financeiros”, o que reflete uma tendência crescente. Exemplos como Stripe e Bridge mostram que já é possível operar com saques e depósitos em moedas estáveis.
Esse movimento traz um impacto direto na inclusão financeira. Através de menores barreiras e custos reduzidos, as stablecoins ajudam a trazer serviços financeiros a regiões onde o sistema bancário tradicional não chega. “As pessoas estão optando por stablecoins para se proteger das flutuações do mercado e da instabilidade econômica”, comentou Shaulov.
Outro aspecto que chamou atenção foi o expressivo crescimento da tokenização de ativos do mundo real. De acordo com a Fireblocks, esse setor cresceu 58% em 2025, em grande parte devido à emissão de títulos do Tesouro dos EUA em blockchain, que oferecem retornos seguros e transparentes quando atrelados a stablecoins.
Shaulov acredita que esse avanço é impulsionado pelo “desbloqueio regulatório global”, que começou nos Estados Unidos e está se espalhando para outras jurisdições. No entanto, ele também alertou sobre os riscos que vêm junto com o crescimento.
O CEO da Fireblocks mencionou uma “tempestade perfeita” se formando com a popularização das criptomoedas, pois hackers e grupos estatais têm intensificado suas ações e sofisticado seus métodos, utilizando inteligência artificial para criar fraudes quase indetectáveis. “As transações com stablecoins não podem ser revertidas, o que atrai criminosos que exploram falhas de segurança”, concluiu Shaulov.