Caitlin Long prevê falências de novas instituições no inverno cripto
Investidores institucionais do mundo financeiro tradicional têm enfrentado desafios sérios quando o assunto é a adaptação ao universo das criptomoedas. Caitlin Long, CEO do Custodia Bank, destacou que os modelos de gestão de risco usados por essas instituições não estão prontos para lidar com a volatilidade do setor. Em um evento recente, ela expressou suas preocupações sobre como esses investidores podem enfrentar dificuldades ao surgirem novas quedas de mercado.
Segundo Long, as grandes empresas financeiras estão se inserindo no mercado de criptomoedas com um volume significativo, o que parece estar moldando o atual ciclo econômico. Ela acredita que essa entrada maciça poderá continuar influenciando o cenário. O que preocupa, entretanto, é a forma como essas instituições encaram a alavancagem, permitindo-se assumir riscos altos devido a segurança que têm em seus sistemas tradicionais, com mecanismos como janelas de desconto e outras “tolerâncias a falhas”.
A Diferença entre Tradicional e Cripto
No entanto, Long alertou que essas garantias não existem no espaço das criptomoedas. Ali, a liquidação acontece em tempo real, o que significa que as coisas podem mudar rapidamente e sem aviso. Ela enfatizou que essa diferença pode levar as instituições financeiras a uma crise de liquidez. “Essas tolerâncias a falhas vêm de sistemas que não precisam se atualizar instantaneamente. No cenário das criptomoedas, tudo acontece em tempo real, e a situação é bem diferente”, explicou.
Long também se mostrou preocupada com como esses investidores, considerados “gigantes das finanças”, reagiriam ao inevitável retorno de um mercado em baixa. Para ela, enquanto alguns estão otimistas, acreditando que uma nova queda não irá ocorrer, sua experiência desde 2012 lhe ensina que essa possibilidade é bem real.
A Visão de Especialistas
O alerta de Long é ecoado por outros especialistas do setor. Chris Perkins, presidente da CoinFund, mencionou que um dos maiores riscos para o futuro é a incompatibilidade entre dois ecossistemas que operam de maneiras distintas. “Temos um que se ajusta em tempo real e outro que, basicamente, faz pausas durante fins de semana e feriados”, comentou Perkins. Essa discrepância pode causar problemas de liquidez — uma das causas principais de crises financeiras.
Em um relatório recente, a empresa de capital de risco Breed divulgou que a maioria das novas empresas de tesouraria de Bitcoin pode não conseguir sobreviver a uma próxima crise do mercado. A alavancagem excessiva e a queda nos preços dos ativos podem criar um efeito dominó que compeliria essas empresas a vender seus ativos em massa, pressionando ainda mais o mercado de criptomoedas.
Com todas essas complexidades, fica claro que o caminho para os investidores institucionais é cheio de incertezas. Ao mesmo tempo, a competição e o desejo de inovação não vão parar, e é preciso estar atento às mudanças rápidas que ocorrem nesse setor tão dinâmico.